Rosa Meire, De Salvador

Lagoa formada por uma área de 110 mil metros quadrados e único manancial natural tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN) em Salvador, o Dique do Tororó está entre as principais zonas de turismo e lazer da capital baiana. O Dique está situado em área central da cidade e atrai moradores e turistas pela beleza do local e pelo uso de seus equipamentos.

O local dispõe de áreas para caminhadas e equipamentos para práticas de exercícios físicos. Pode-se fretar barcos para pesca e passeios pela lagoa, além de pedalinhos. O equipamento dispõe, ainda, de infraestrutura de restaurante e pizzaria. E tem como vizinho o Estádio da Fonte Nova.

A área passou por adequações no final dos anos 1990, recebendo na oportunidade as obras do artista baiano Tatti Moreno, falecido em julho de 2022. Em suas águas foram instaladas oito esculturas de sete metros e meio em homenagem às entidades Oxum, Ogum, Oxóssi, Xangô, Oxalá, Iemanjá, Nanã e Iansã.

Tornaram-se símbolo de respeito à prática da religiosidade afro-brasileira, especialmente ligada ao candomblé. Outras quatro esculturas de quatro metros e meio, recentemente restauradas e entregues pela Conder – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, órgão do governo do estado – encontram-se instaladas na calçada do entorno do dique. Elas representam os orixás Oxumaré, Ossain, Logun-Edé e Ewá.

“Como ponto turístico, o Dique é um dos cartões postais de Salvador, não só o Pelourinho, a Barra, a Orla, a extensão de Orla. Quem mora aqui por perto é privilegiado porque pode dar uma volta, sem pressa de chegar. Além da paisagem, faz bem à saúde na caminhada”, disse o eletrotécnico Manoel Mota. Ao lado da Esposa Neli e da filha Amanda, Mota revelou estar aproveitando a vinda da filha à fisioterapia para desfrutar da beleza do Dique: “Aproveitamos pra curtir essa área aqui, que é uma área que dispensa comentários”, disse.

Lazer

Jorge Rosa: Pesca por lazer – Fotos: Rosa Meire

O Dique é área originada de nascentes do Rio Urucaia, que historicamente contornavam a cidade desde o Forte do Barbalho ao Forte de São Pedro (Campo Grande). Ao longo de sua história, o Dique do Tororó deixou de cumprir a função de defesa e proteção da cidade contra invasores, exercida entre os séculos XVII e XVIII. A partir do século XIX teve sua área aterrada para a expansão da cidade. As águas do Dique são consideradas densas e perigosas, impróprias ao nado.

Dentre as opções do Dique, a pesca é bem conhecida do aposentado Jorge Rosa, 63 anos, morador do bairro dos Pernambués. Posicionado na beira do dique, revelou: “Eu pesco aqui há mais de 10 anos. Pesco tilápia, tucunaré, traíra, baru. Os peixes que vêm aqui a gente leva”, disse. Indagado se a produção destinava-se à venda, informou que não. “Às vezes eu vendo, outras eu como. Graças a Deus nunca tive nada, né? Levo pra casa, compartilho com os amigos, eu também como”, informou.

Moradores da região, Henrique Cerqueira, 70 anos, e o vendedor Jorge Matos, 61, conversavam com tranquilidade à beira do Dique. “Mudei de bairro pra essa área. Ficou melhor a morada”, revelou Matos. O colega Henrique, funcionário de um lava-jato na região, confirmou: “Aqui ainda é um dos melhores lugares de Salvador para morar. Uma das grandes vantagens é que a violência é menor.

Você ainda pode sentar aqui. Em outros lugares você não pode nem sentar nem parar”, avaliou.

Múltiplas funções

Ercília Souza e Edilene Santos, membros da Igreja Testemunhas de Jeová

O espaço cumpre diariamente funções diversas. O Dique do Tororó abriga desde praticantes de caminhadas ao vai-e-vem de moradores de bairros contíguos, como o Tororó e Engenho Velho de Brotas, além de Nazaré e Vasco da Gama, dentre outros. Mas, quem visita o Dique do Tororó e percorre seus 2,5 km de extensão, percebe as muitas funções que hoje estão ali presentes, quando o local registra também a convivência pacífica de múltiplas entidades religiosas.

Ercília Souza e Edilene Santos, membros da Igreja Testemunhas de Jeová, revelam a importância do trabalho que vêm realizando há cerca de cinco anos naquele espaço. Em frente ao stand móvel de revistas, Ercília revela. “A gente fica aqui, as pessoas podem pegar à vontade essas publicações. Hoje o mundo está preocupado com problemas emocionais. E dentro da bíblia nós temos soluções sobre o que eles podem fazer para amenizar esse problema. Tem sido de grande valia estar aqui”, diz.