TADEU BAHIA [*]

A nossa vida é sempre uma releitura das nossas vidas, de todas as nossas vidas pregressas. Não importa a idade em que estamos, ou, independentes do sexo ou lugar físico, geográfico, tampouco a história… O lugar em que vivemos, atualmente, é sempre um novo ponto de partida para novos e desconhecidos horizontes, onde vamos tecer uma nova história para as nossas almas, tornando-as infinitas.

Louco seja o homem que não acredite na duplicidade se si mesmo, do seu corpo e da sua Alma, onde percorrendo os caminhos da vida vivenciando-a com o seu fulgor ardente ou o brilho diminuto das suas centelhas, que a energia cósmica lhe concedeu, fazem daqueles momentos que lhes parecem infindáveis, mas que em frente à eternidade dos mundos mais se parecem breves suspiros de milésimos ou centésimos de segundos…

Há o registro de um homem antigo, o Hermes Trismegisto, que disse que o que há em cima, há também embaixo. Somos reflexos dos nossos próprios Eus espirituais, incorpóreos e evanescentes, que flutuam no espaço das nossas consciências cósmicas, mas, que pelas ruas diuturnas e descalças do nosso dia a dia refletem-se, refletindo-nos material e espiritualmente.

Representamos na terra a nossa identidade corporal, material, momentânea, com as nossas definições naturais previamente incorporadas: cor, sexo, raça, religião, identidade como ser, naturalidade, sexualidade, núcleo familiar, história a qual caracterizam o nosso corpo físico transitório e mortal, quando nesta existência terrena, ou em outras existências similares em outros planetas ou dimensões, cumprimos – alguns mesmo ainda sem saber – o nosso carma, a nossa longa ou curta trajetória de vida entre seres encarnados, bem como, entre seres desencarnados também.

Aqui estamos vivendo, com os nossos corpos carnais habitados por Almas, incorpóreas que nos habitam os corpos por longas ou curtas estadas, dependendo tão somente das nossas dívidas com o Universo, obedecendo regiamente às progressões que a nossa Alma necessita, seja num mar de lágrimas ou em uma vida pacata, tranquila e filosófica, dependendo tão somente dos ônus ou dívidas históricas da nossa vida anterior, e dos nossos merecimentos ou não.

Temos infinitas e incontáveis Almas, infinitas vidas, incontáveis existências, onde na busca da iluminação única e fulgurante de nós mesmos, algum dia, possamos chegar ao estágio da Perfeição de quem tanto falam os antigos, os apóstolos, filósofos, magos e iluminados de outrora. Existiu Moisés ou ele foi uma lenda criada para personificar um personagem bíblico que justificasse a pretensa entrega de supostos mandamentos? Na tentativa de impor a religião católica entre os homens de dois mil anos atrás, eram inventadas estórias, artimanhas, criações fantásticas e absurdas no intuito de incutir nas mentes desinformadas da época tolas estórias que depois viravam superstições e envoltas na imensidão da intolerância e sob a ameaça de mortes sob o fio da espada, ou por meio de pedradas ou crucificações, buscavam impor uma pretensa religião, reinado ou dogma para dominar aqueles povos…

A humanidade sempre agiu assim… Pela força, pela barbárie, pela submissão!

Quanta e quanta falta fazem a educação e a formação moral a um povo inteiro, quando barbarizado por seus intolerantes governantes fazem da ignorância dos mesmos o próprio “alimento e fel” para fecundar as suas pérfidas ideias e ideais, mergulhando a sua própria nação nos véus do desconhecimento, pela crueldade, da submissão pela força, pela prática absurda da imposição ao fio da espada, submetendo-os covardemente para que não tenham vontade, quiçá caráter, opiniões, virtudes, dignidade ou amor-próprio.

Quando a supressão do livre arbítrio e a carência da fraternidade, da igualdade e da liberdade falta a uma civilização inteira, não é sem razão que brilham nos seus pretensos tronos os maus governantes, ditadores ou reis de ocasião, que em realidade não passam de meros usurpadores, pérfidos e falsos profetas tentando impor as suas obtusas leis e falsos dogmas no intuito de corromper todo o consciente coletivo, no intuito de dominá-lo, domá-lo, impondo as suas corrompidas estórias, formas de governos obtusas e devastadoras, onde a falta de civilização, do conhecimento e da própria falta de liberdade imperam, fazendo crescerem os cânceres das intolerâncias civis e religiosas que até hoje, desde os tempos mais antigos, campeiam indistintamente sobre os quadrantes da terra.

Precisamos todos seguir por caminhos iluminados pelo lume absoluto do conhecimento, onde a abundância das informações emanadas por consciências límpidas e brilhantes nos sirvam de guia por estradas enevoadas, onde o sol da Sabedoria ainda não nasceu no horizonte. Que as nossas Almas sigam esses raios que agora surgem no nascente do nosso universo, tornando transitáveis as estradas do conhecimento, onde a moral e a dignidade humana sejam restabelecidas e onde a aplicação da lealdade, da fidelidade e do fiel cumprimento do dever sejam metas a serem perseguidas e cumpridas dia após dia, noite após noite, para que no final da sua efêmera existência as nossas Almas partam para outras dimensões ou esferas devidamente preparadas para levarem adiante a sua progressão espiritual.

Difícil, para muitos de nós ainda, entender ou querer pretensamente entender o que é religião ou ciência, o que é ciência ou o que é quasar, quântico, partícula, infinitude ou finitude molecular, o apodrecimento do corpo físico e a elevação das Almas para o alto ou para o baixo como já dizia aquele mesmo sábio antigo, o Hermes Trismegisto, do qual com as suas palavras, comecei a redigir e ora finalizo este texto: o que há em cima há também embaixo…

Reflexões, deduções, ilusões, incertezas, paradoxos, dúvidas, o próprio homem cria, recria e destrói pela absoluta falta de conhecimentos o que existe de bom e de belo no fundo do seu próprio Espírito, onde uma luzinha pequena, quase uma faísca, que bem de longe anuncia a única certeza… A certeza do HOMEM também ser um DEUS!

[*] É Grau 33 – REAA, Ex-Presidente do Tribunal de Justiça Maçônico, Grande Oriente Estadual da Bahia – GOEB, Coordenador do Colégio dos Grandes Inspetores Gerais, Sócio Efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – IGHBA e Acadêmico – Cadeira 16 – Academia Maçônica de Letras da Bahia – Amalba