Por Rosa Meire, De Salvador

Famosa por suas belezas, Salvador registrou hoje o aniversário de seus 471 anos com ruas e principais pontos turísticos, como o Pelourinho, vazios. As imagens de uma capital deserta pelas ações de confinamento marcaram este domingo, 29, o Centro da cidade, no qual poucas pessoas se arriscaram a permanecer fora de casa. Em pontos turísticos como o Campo Grande, nas ruas do Centro, em obras, e no Pelourinho, um dos locais mais visitados de Salvador, o clima foi de ruas desertas no aniversário da cidade. A capital registrou hoje 154 casos de coronavírus confirmados e um óbito.

Poucas pessoas se arriscaram a sair de casa. Por outro lado, apesar das ações de albergamento anunciadas pela Prefeitura, muitos moradores de rua foram vistos em pontos variados do Centro da cidade, em becos, mas especialmente na Praça da Piedade, na Praça da Sé e no Pelourinho. Nesse que é um dos pontos turísticos mais importantes de Salvador, encontramos lojas, igrejas e o comércio fechados e quase ninguém nas ruas. Em uma das poucas ruas com movimento, na entrada da Cantina da Lua, e que dá acesso ao Largo do Pelourinho, alguns moradores ouviam música. Duas mulheres dançavam alegremente, contrastando com o clima geral. Enquanto outras pessoas em torno de uma caixa de som, acompanhavam.

Luís: “Com essa doença que tá tendo agora aí, você pode ver que a cidade tá parada, tá tudo triste, então não existe comemoração”  Fotos: Rosa Meire

Mais adiante o artesão Luís Carlos de Souza, vendedor de fitas do Senhor do Bonfim no Largo da Sé, lamentou o clima de tristeza nesse aniversário de 471 anos. “Com essa doença que tá tendo agora aí, você pode ver que a cidade tá parada, tá tudo triste, então não existe comemoração. Eu me encontro aqui agora tentando vender, mas aqui tem poucas pessoas”.

Segundo o artesão até o final da tarde não havia vendido nenhuma peça. “Nem o dinheiro pra tomar um café eu consegui”, afirmou. Na área da Sé até o Terreiro de Jesus, muitos moradores de rua. E a presença de várias guarnições policiais.

Ali próximo, o taxista Sergio Fernandes, parado na fila em frente à Santa Casa de Misericórdia, disse que está no mercado há 20 anos e lamentou a crise financeira provocada pelo coronavírus. Disse que durante todo o dia só tinha feito uma corrida. “Poxa, é triste porque uma cidade como Salvador tem o Pelourinho como seu coração – eu trabalho há 20 anos aqui na área – e o Pelourinho em si não está pulsando. A cidade está morta e depende do Pelourinho. Nós vivemos do pólo turístico e logo agora em um momento difícil a cidade praticamente pára, funcionam pouquíssimos bairros, coisas locais, só serviços essenciais”.

Sergio: “Poxa, é triste porque uma cidade como Salvador tem o Pelourinho como seu coração”

Mas, o taxista disse estar otimista. “Salvador vem atravessando uma fase difícil, mas necessária porque todos os lugares sofreram com isso e nós esperamos que passe aqui de uma forma mais tranquila, mais branda e que todo o mundo volte a nos visitar. E ela volte a ser o que era antes, com praias lindíssimas e lugares turísticos, aqui foi a primeira capital então tem o início de tudo aqui e a gente tome como exemplo. Salvador é uma cidade lindíssima, amada por todos nós, por todo o Brasil e o mundo. E eu espero só que isso passe”, finalizou.