Carla Liane Nascimento dos Santos [*]
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), patrimônio social de longa duração, deverá estar projetada no futuro, engajada politicamente na defesa de seu papel estratégico na formação profissional e cidadã, na produção científica, de inovação social e tecnológica, articulada com as distintas necessidades das regiões e territórios do conhecimento do estado. Como instituição social, não podemos ficar olhando para o retrovisor, precisamos lançar objetivos, que contribuam para (re) formulação de políticas públicas nos diversos campos do conhecimento. A universidade, que contribui para a interiorização da educação superior na Bahia, através de cursos e programas especiais e que, juntamente com a UERJ, inaugurou a política de cotas no país, no estado mais negro fora da África, nos seus 38 anos de existência, teve apenas uma reitora mulher e negra.
Nesse período eleitoral, é preciso ajustar nossas velas, repensar nossos caminhos, com visão de futuro à serviço da justiça e transformação social. É nossa tarefa o repensar epistemológico da multicampia da UNEB, ultrapassando a perspectiva de distribuição geográfica dos campi, introduzindo um olhar dos territórios investigativos e das conexões das redes de saberes pluriversais, numa dinâmica de gestão solidária, intercultural, transdisciplinar, enraizada, que se constitua alternativa à tendência tradicional de uniformização dos currículos, proletarização dos professores, burocratização, engessamento dos fluxos, perda de autonomia de gestores, docentes, servidores técnicos-administrativos, analistas universitários e discentes.
O período da pandemia provocou o agigantamento das fragilidades socioeducacionais, digitais e emocionais do nosso público, constituído por jovens, adultos, idosos trabalhadores (as), demandantes por direitos, cidadania, reconhecimento e redistribuição social. A universidade, verdadeiramente popular, defende a democracia participativa, a cidadania ativa, em contraponto às cidadanias mutiladas historicamente, às subalternidades e às injustiças cognitivas produzidas. Ela é decolonial, enfrenta suas crises de maneira criativa e inovadora, imprimindo um giro epistêmico por meio da inter-ação dialógica, em direção aos outros (as) sujeitos (as) e aos outros saberes, desde sempre localizados nas margens. Ela é afirmativa, pensa para além do acesso, a permanência digna daqueles que a compõe, por meio da ancoragem acadêmica, da justiça cognitiva, da inovação curricular, de forma interprofissional, interdepartamental e transdisciplinar. A UNEB poderá avançar em direção à multiversidade enraizada, afirmativa e verdadeiramente popular. Um corpo-território de interconhecimentos em permanente diálogo, pulsando, tornando-se sempre, VIVA!
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[*] É prof.ª Drª MPEJA/GESTEC/DEDC I-UNEB
Foto: Jorge Thadeu
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