Embora o Brasil apresente sinal de estabilidade e controle da Mpox, o Ministério da Saúde, de forma preventiva, instalou um Centro de Operações de Emergência em Saúde para coordenar ações de resposta à doença. A medida vem diante da decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de declarar emergência internacional para a Mpox. A instalação do COE-Mpox ocorreu na quinta-feira, 15.

O Centro de Operações vai operar na sede da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), em Brasília. A instalação do colegiado contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Durante a instalação do COE-Mpox, a ministra enfatizou que, embora não haja motivos para “alarme”, é necessário manter um estado de “alerta” em relação ao vírus.

“Este é, sim, um motivo de alerta, monitoramento e preocupação. Para isso, contamos com nossos sistemas de vigilância e os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), que são essenciais nessa resposta. Contudo, é importante reforçar que não há motivo para alarme, como já mencionado em comunicados anteriores. Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil”, afirmou.

Na instalação do Centro, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, destacou que “há uma vigilância sensível para Mpox e, de forma preventiva, as recomendações e o plano de contingência para a doença no Brasil estão sendo atualizadas.” Ela esclareceu ainda sobre as cepas do vírus durante a instalação do COE-Mpox.

“Atualmente, temos duas cepas circulando na região da África. Após a declaração de emergência, descobriu-se que os primatas não eram os únicos hospedeiros da doença. A cepa 1 da variante B, que surgiu no Congo, tem gerado maior preocupação e é a razão para esta nova declaração da OMS, por ter se mostrado mais transmissível. Mutações fizeram com que essa variante B causasse casos mais graves, inclusive em crianças, o que representa uma apresentação diferente do que observávamos anteriormente”, disse.

Desde a Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional (ESPII) anterior para Mpox, as ações de vigilância para a doença se mantiveram como prioridade no ministério, que já vinha acompanhando com atenção a situação dessa doença no mundo e monitorando as informações compartilhadas pela própria OMS e por outras instituições.

Em 2024, foram notificados 709 casos confirmados ou prováveis, número significativamente menor em comparação aos mais de 10 mil casos notificados em 2022, durante o pico da doença no Brasil. Desde 2022, foram registrados 16 óbitos, sendo a morte mais recente em abril de 2023.

Em 2023, a vacinação contra a Mpox foi iniciada em um momento de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, com o uso da vacina sendo liberada pela Anvisa de forma provisória, priorizando a proteção das pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da doença. Desde o início da vacinação, mais de 29 mil doses foram aplicadas.

Vacinação

Em entrevista concedida a jornalistas, a ministra da Saúde esclareceu que não haverá vacinação em larga escala contra a Mpox. “No Brasil, nós vacinamos com uma licença ainda especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em casos muito excepcionais, para grupos muito vulneráveis, pessoas que tinham tido contato com outras pessoas doentes. Então, a vacinação nunca será uma estratégia em massa para a Mpox”, ressaltou Trindade. Ela acrescentou que os especialistas seguem estudando a eficácia da vacina no enfrentamento da nova cepa, e a dificuldade de aquisição de imunizantes ante a escassez de fabricação em massa de doses.

Resposta à doença

A OMS convocou o seu comitê de emergência sobre Mpox em razão de preocupações de que uma cepa mais mortal do vírus tivesse atingido quatro províncias da África anteriormente não afetadas. Esta cepa já havia sido contida na República Democrática do Congo.

No Brasil, desde 2023, o Ministério da Saúde iniciou uma série de ações para o enfrentamento da Mpox. Entre essas ações, destaca-se a ampliação da capacidade de diagnóstico, com a implementação de diagnóstico molecular em todos os 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) e nos 3 laboratórios de referência nacional.

Também foram promovidas oficinas sobre o sistema de informação e sobre o tratamento de pessoas vivendo com HIV/aids, além de cinco webinários nacionais. Diversas publicações sobre a doença foram produzidas e divulgadas no portal do Ministério da Saúde, incluindo o plano de contingência, boletins epidemiológicos, protocolos e notas informativas.

O que é a Mpox?

A Mpox é uma doença causada pelo mpox vírus (MPXV), do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com:

Pessoa infectada pelo mpox vírus;
Materiais contaminados com o vírus;
Animais silvestres (roedores) infectados.
Os sinais e sintomas, em geral, incluem:

Erupções cutâneas ou lesões de pele;
Adenomegalia – Linfonodos inchados (ínguas);
Febre;
Dores no corpo;
Dor de cabeça;
Calafrio;
Fraqueza.
Todas as pessoas com sintomas compatíveis com o da Mpox devem procurar imediatamente uma unidade básica de saúde (UBS) e adotar as medidas de prevenção.


Fonte: Ministério da Saúde

Foto: Matheus Damascena/MS