“Não é só questão de números

É um sonho não sonhado

É a família esvaída

Tendo um pedaço enterrado

É a falta de um adeus

É um fim inexplicado.”

Essa é uma estrofe do cordel “Covid-19”, de autoria de Gabriela Santana, do Colégio Estadual Monsenhor Juarez Santos Prata, em Lagarto/SE. Ele é um dos 73 cordéis que integram a obra “Concurso Cienart Cordel Covid”, desenvolvida no âmbito do projeto da Feira Científica de Sergipe – Cienart – e que contou com a organização de professores da Universidade Federal de Sergipe – UFS.

Realizado no ano passado, o concurso foi destinado para estudantes do ensino fundamental e médio com intuito de mobilizar a comunidade escolar para produção e divulgação da literatura de cordel com a temática da Covid-19 e promover o enlace entre arte e ciência. Os cordéis selecionados para o livro foram classificados a partir de votação popular e avaliação de especialistas.

A antologia recebeu apoio financeiro da Associação Sergipana de Ciência –Asci –, Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe – Fapitec/SE –, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI.

Por conta das medidas restritivas de combate à pandemia, não foi possível realizar o evento de culminância da Cienart e, a partir disso, a equipe responsável precisou pensar em alternativas.“Então, nós fizemos um concurso de máscaras, no primeiro momento em que a população não estava acostumada ainda com a ideia de máscara e fizemos também um concurso de cordéis”, afirmou Zélia Macedo, professora do Departamento de Física da UFS e uma das organizadoras da obra.

Para Zélia, foi uma “grata surpresa” observar o talento dos estudantes. O livro, segundo ela, contribui, de modo geral, para a formação dos alunos, a “conscientização em relação à pandemia e também para o currículo dos professores, que foram os orientadores dos estudantes na produção dos cordéis”.

Zélia Macedo é professora do Departamento de Física da UFS Fotos: Arquivo Pessoal

Quanto à escolha do gênero cordel, ela destaca que o uso de conhecimentos regionais é um dos pontos de partida para os projetos científicos que a Cienart busca estimular. “Nada mais natural do que escolher o gênero cordel. É um gênero interessante, divertido, que atrai a atenção e que também traz, nesse momento, muita seriedade em torno da questão da Covid-19”, explicou.

A professora do Departamento de Letras Vernáculas, Raquel Freitag, afirmou que o entrelaçamento entre arte e ciência, uma das propostas do livro, aumenta as possibilidades do desenvolvimento dos raciocínios lógico e espacial e da ludicidade. “Sempre que a ciência se desenvolve, a expressão artística também se desenvolve. Esse entrelaçamento é quase que uma condição de existência de ambos os campos do saber”, enfatizou.

Freitag ainda ressaltou que as escolas da educação básica e as instituições de pesquisa precisam uma da outra para dinamização e expansão do conhecimento científico. No caso do concurso, ela disse que a iniciativa trouxe possibilidades das famílias se envolverem na produção de cordéis e de discutirem temáticas ligadas à pandemia. “Sem a articulação entre instituto de pesquisa e educação básica, sem essa relação sinergética, nós não vamos conseguir superar esse desafio, que é a crise da covid-19”, ponderou.

A professora Raquel Freitag, do Departamento de Letras Vernáculas, também organizou a obra

Além de Zélia e Raquel, participaram do processo de organização do livro os professores Márcia Attie e Mário Giroldo, do Departamento de Física, e Eliana Midori, do Departamento de Química.

O que é a Cienart?

Realizada anualmente desde 2012 pela Universidade Federal de Sergipe – UFS – e a Associação Sergipana de Ciência – Asci –, a Cienart tem o objetivo de popularizar a ciência por meio da divulgação de pesquisas realizadas nas escolas de ensino fundamental e médio das redes pública e privada do estado. A primeira edição ocorreu em 2004, junto com a primeira Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

O evento também conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq –, Secretaria do Estado da Educação, Esporte e Cultura – Seduc – e Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe – Fapitec/SE.

Por conta da pandemia, a 10º edição da Feira Científica de Sergipe foi realizada, de forma virtual, entre 28 de fevereiro e 6 de março deste ano.

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Fonte: UFS

Foto Destaque: Reprodução