Gildeci de Oliveira Leite — Escritor, Sócio do IGHB (Instituto Geográfico eHistórico da Bahia), PPGEL/MPEJA – UNEB

O atento leitor e a atenta leitora irão estranhar que flecha, arma arremessada com arco, não esteja escrita com “ch” mas com “x”, isso mesmo “flexa”, que ao lado de seu parceiro instrumento curvado podem ser conjuntamente chamados de “Arco &Flexa”.

Problemas, discussões, soluções ortográficas à parte, este conjunto “Arco &Flexa” foi velho conhecido de um dos grandes colaboradores de um dos maiores jornais de nosso país. O jornal é o A Tarde. O homem é o intelectual mineiro radicado na Bahia Carlos Chiacchio, responsável pela coluna Homens e Obras, durante anos publicada na mesma gazeta.

Não sei se já deu para desconfiar que “Arco&Flexa” é o nome de um importante “mensário de cultura moderna: letras, artes, ciências e crítica” publicado de 1928 a 1929. Rápida duração como muitas coisas boas na Bahia, diversas vezes pouco apreciadas por gestores. Além de Chiacchio, pai do tradicionismo dinâmico, outros nomes compunham essa iniciativa das letras modernas e modernistas baianas, a saber: Eurico Alves, Carvalho Filho, Hélio Simões. Talvez colegas de docência e curiosos se perguntem onde achar informações mais refinadas sobre essa e outras iniciativas do Modernismo Baiano, pistas são sempre apresentadas pelo pesquisador Gilfrancisco que agora nos brinda com o livro, intitulado “Modernismo em Bahia entre Sergipe”.

A brochura serve a curiosos, amantes da literatura, da história, a estudantes em todos os níveis e principalmente à pesquisa. Certamente, muitos ainda não tenham sido devidamente oportunizados a discutirem a chegada, aceitação e questionamentos da estética modernista, à maneira da Semana de 1922 de São Paulo, e/ou suas ressignificações e reinvenções na Bahia e Sergipe. Sem culpa, muitos poderão alegar desconhecimento da existência de veículos de difusão da cultura na Bahia como “Etc”, “Meridiano”, “Samba”, “A luva”, “ A semana”, “O Jornal”, “O Momento” nas primeiras décadas do século passado. Ou assim como questionar flecha com “x”, achar confuso a existência de uma revista chamada “Época” em Sergipe, 1948-1949, anterior à sua homônima carioca, esta última ainda em circulação.

No mais recente livro de Gilfrancisco, poderemos saber detalhes sobre a vida de agremiações e iniciativas literárias baianas como a Academia dos Rebeldes, autores como Bráulio Abreu e Édison Carneiro. Também poderemos comprovar a reencarnação de alguns Gregório de Matos, tal Pinheiro Viegas, Silvio Valente, Deraldo Dias ou ainda ler poesias do romancista e rebelde Jorge Amado e entender as importâncias de José Maria Fontes e Abelardo Romero para o modernismo sergipano. A verdade é que o livro em questão, até para argutos pesquisadores, é dotado de novidades. Eu já reservei o meu!

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Lançamento

Dia – 31 de maio, 2023

Horário – 17 h

Local – Museu da Gente Sergipana