GILFRANCISCO [*]

À Margem da História Contemporânea de Sergipe: Memória e Democracia. Aracaju, Criação Editora, 2021, 198 páginas, apresentação dos professores da UFS, Itamar Freitas e Terezinha Alves de Oliva, edição cuidadosamente elaborada em papel pólen bold é o título da nova obra do professor da Universidade Federal de Sergipe – UFS, Antônio Fernando de Araújo Sá com lançamento Virtual previsto para o dia 15 de outubro às 17 horas, apoio: UFS, Criação Editora, DHi, Prohis, tvufs.

O autor nasceu em Brasília (1965) naquele militarizado Distrito Federal, moderna cidade encantadora por sua arrojada arquitetura de Oscar Niemeyer (1907-2012), altamente civilizada e civilizadora da pós-modernidade, da qual recebeu o gosto da conversa amável e culta, da sociabilidade do convívio familiar. Formado em história pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB), conclui o mestrado em História Política do Brasil na Universidade de Brasília. Em terras sergipanas, já docente da UFS, seus conhecimentos adquirem maiores proporções e significados no campo da pesquisa científica, observando sempre o passado para visualizar nossa trajetória e trabalho dessa natureza, leva-nos inevitavelmente a volver as vistas em diferentes direções, procurando resgatar seus papéis sociais através da rememorização para, então neles, retomar sua identidade. Esta memória de investigação tem como tema o estudo e a análise.

Dividido em duas partes, a coletânea de artigos independentes, publicados em épocas diferentes, mas com uma unidade ideológica. O historiador Antônio Fernando de Araújo Sá trata sobre a Nova Ordem Mundial, tema da maior importância para a historiografia contemporânea de Sergipe: Memória e Democracia. A memória é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências ouvidas ou vividas. Ou seja, é uma reconstrução do passado sem o trabalho crítico do historiador.

Sabemos que democracia é um regime político que se funda na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de poderes e no controle da autoridade. Os gregos criaram a democracia política direta, na qual os cidadãos tomavam eles mesmos as decisões a respeito da cidade (polis); mas escravos e metecos (estrangeiros que moravam em Atenas) não eram considerados cidadãos. Dos dez países mais democráticos do mundo sete são monarquistas: Noruega (monarquia parlamentarista); Islândia (república parlamentarista); Suécia (monarquia parlamentarista); Nova Zelândia (monarquista parlamentarista); Canadá (monarquia parlamentarista); Finlândia (República Parlamentarista); Dinamarca Monarquia Parlamentarista; Irlanda (República Parlamentarista); Países Baixos (Monarquia Parlamentarista); Austrália (Monarquia Parlamentarista). Em um ranking formado por 167 países, o Brasil (República Presidencialista), ocupa a 49ºª posição, sendo qualificado como uma democracia imperfeita. Não quer dizer que essas democracias “perfeitas”, não tenham problemas. Têm, mas de fácil solução.

A Primeira Parte do Livro – História e Memória, onde vamos encontrar os seguintes artigos: História e Memória do Movimento Docente na Universidade Federal de Sergipe (1979-1990); O Candeeiro se Apagou? A universidade pública em revista; Cabelo, Barba e Bigode: Memória dos Barbeiros em Sergipe (1960-2007), em coautoria com Eduardo Lopes Teles. Na Segunda Parte – Memória e Democracia, temos três longos artigos: Memória da luta pela terra em Sergipe: Igreja Católica e a opção preferencial pelos pobres nas memórias dos Irmãos Guido Michel Dessy e Francisca Hendrick; A disputa simbólica no Campo Católico e o processo de Patrimonialização da pintura mural da Igreja Matriz de Porto da Folha –SE, em coautoria com Péricles Morais de Andrade Junior e finalizando, Para que nunca más sea: o Memorial da Democracia e a Pedagogia da Memória.

Tudo isso é o resultado não somente das atividades docente em sala de aula, mas das suas pesquisas em campo e militância sindicalista, através da Candeeiro: revista de política e cultura da seção sindical dos docentes da UFS. Esta instituição de ensino superior que completa 58 anos de existência, durante esse período adquiriu maiores proporções e significado para o ensino democrático. Quanto sergipanos ou não tiveram o privilégio de estudar em suas diversas faculdades, escolas ou centros de pesquisas e ensino formando-se em qualquer das especializações compatíveis com a respectiva vocação. O professor Itamar Freitas aproveitando a oportunidade em sua apresentação, tocou num ponto crucial sobre a coletânea:

Os textos deste livro, obviamente, vão gerar significações não previsíveis pelo autor. No meu caso, na condição em que me encontro, associei integralmente a coletânea à história da UFS.

Pois bem a Universidade Federal de Sergipe contribuiu para o maior brilho, como um núcleo de irradiação do desenvolvimento cultural, técnico e científico do nosso estado.

Essa abordagem, – memória e democracia – é apresentada a história oral como instrumento de construção de identidade na ampliação do espaço público. A defesa da democracia e das suas conquistas não se faz apenas por decreto ou voto. O autor é recorrente nessas questões em livros anteriormente publicados. Há momentos na história em que se apaga ou se decompõe a memória. Aos poucos a conjuntura política em que vive o Brasil parece caminhar para a democratização do Estado Democrático de Direito, porque a ditadura militar não tem mais espaço no país. Ao olhar o passado visualizamos, nossa trajetória, e trabalho dessa natureza leva-nos inevitavelmente, a volver as vistas em diferentes direções. Resta-me reiterar votos de integral sucesso em sua nova publicação.

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[*] É jornalista e escritor. E-mail: gilfrancisco.santos@gmail.com