Ela conseguiu de novo. Mayra Aguiar, novamente, superou uma lesão grave no ciclo olímpico, uma pandemia e voltou ao pódio olímpico. A judoca gaúcha da categoria meio-pesado venceu a sul-coreana Hyunji Yoon por ippon com uma imobilização na disputa do bronze e garantiu a terceira medalha seguida em Jogos Olímpicos, depois dos bronzes em Londres 2012 e Rio 2016.

“Nunca chorei tanto. Estava chorando igual criança ali. É que está muito entalado. Tudo o que eu vivi, foi muito tempo de superação, uma atrás da outra. E, hoje, poder concretizar com uma medalha é muito importante para mim. É a maior conquista que eu já tive em toda a minha carreira. Por tudo o que aconteceu, tudo o que vivi, poder estar com isso concretizado é muito gostoso, está sendo muito bom”

Mayra, sendo uma das cabeça-de-chave da competição, ficou de bye na primeira rodada e estreou contra a jovem israelense Inbar Lanir. Foram apenas 40 segundos de luta e um ippon depois de um lindo uchi-mata. Na sequência, enfrentou a atual campeã mundial Anna-Maria Wagner, da Alemanha. Numa luta muito equilibrada, Mayra acabou sofrendo uma projeção no golden score que valeu um waza-ari, encerrando a luta. Mas não havia tempo para lamentar porque havia a repescagem no bloco final. Depois de algumas horas, a atleta da Sogipa voltou ao shiai-jô para enfrentar a russa Aleksandra Babintseva. Se portando de maneira muita segura, Mayra forçou três punições para adversária ainda no tempo normal e avançou para a disputa de medalha. Contra Yoon, depois de desequilibrar a sul-coreana, partiu para a imobilização até o ippon de bronze.

“Eu nunca ganhei uma luta no chão, mas quando aconteceu foi para garantir a medalha olímpica. Lembrei muito dos meus treinos com o sensei Moacir. Quando encaixou, eu pensei: não vou soltar nunca”, analisou Mayra, que falou como foi se reeguer após a derrota para a alemã nas quartas. “Eu já tinha lutado com a Wagner duas vezes, tinha ganhado e perdida. Geralmente, eu não aguento muito no golden score, mas eu tentei. E eu odeio perder, dei tudo que eu tinha, mas me matou saber que eu não ia disputar o ouro. Tive outras experiências de ter que erguer a cabeça e voltar pra casa uma medalha é muito importante. E eu consegui fazer isso, ficar com muita vontade de novo e levar essa medalha pra casa”, disse.

Com o feito, Mayra se iguala à levantadora Fofão, do vôlei, como a única mulher brasileira a conquistar três medalhas em Jogos Olímpicos. Considerando apenas as medalhas em esportes individuais, ela se iguala a nomes como Robert Scheidt, Gustavo Borges e César Cielo.

“Eu vou torcer para que eu seja apenas uma das a ingressar e desejo que essa lista siga crescendo. Temos muitos atletas com grande potencial e tem muita Olimpíada pela frente e não tenho dúvida de que o Brasil ainda vai comemorar muita medalha”, completou a judoca de 29 anos.

Além dela, o Brasil foi representado por Rafael Buzacarini que acabou sendo derrotado na estreia pelo belga Tomas Nikiforov. No sétimo dia da competição de judô nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, é a vez dos pesados Rafael “Baby” Silva, dono de duas medalhas olímpicas, e de Maria Suelen Altheman, duas vezes vice-campeã mundial. A disputa por equipes encerra a competição no dia 30.

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Fonte: COB

Foto: Júlio César Guimarães/COB