Por Gildeci de Oliveira Leite [*]
Confesso não recordar exatamente da data em que fui apresentado ao professor, pesquisador, escritor Gilfrancisco dos Santos, o nome dele é escrito assim mesmo Gilfrancisco, tudo junto. Não sei se simplifica ou complica chamar Gilberto Francisco dos Santos de Gilfranciso, mas é assim que o baiano-sergipano gosta de se apresentar. No início do mestrado, meu orientador, o professor doutor Cid Seixas, sugeriu que eu procurasse o arquivo vivo, que ainda hoje reside em Aracaju. Como a minha pesquisa de mestrado tivera outro rumo, as informações e os documentos, gentilmente cedidos, foram utilizados com maior vigor e ainda são em outras investigações como aquelas com auxílio de orientandos e orientadas de iniciação científica, dentre outras. Conheço diversas pesquisas de mestrado, doutorado e de estágio pós-doutoral, por exemplo, que só tiveram sentido, que só ultrapassaram os limites dos desejos e das boas intenções graças às colaborações de Gilfrancisco.
Quase sempre acontece mais ou menos assim, a pesquisadora ou pesquisador tem uma ideia do que quer fazer, mas não possui informações necessárias para a devida transpiração. Então ao conversar com Gilfrancisco, por telefone ouve a resposta com a voz de alegria e satisfação: tenho isso aqui em minha casa e/ou esses documentos em publiquei em tal livro (risos). Daí para o envio do material, basta o tempo da ida ao correio ou o pedido de socorro a alguém mais hábil com a informática para o envio através de e-mail. Gilfrancisco é assim desde a época em que ainda usava rabo de cavalo e se orgulhava de ser solteirão. Talvez tudo tenha começado bem antes, nos anos 1970 quando trabalhou na UFBA com o sergipano-baiano José Calasans, aprendendo as manhas da pesquisa com o velho mestre. Também no mesmo período, ainda como funcionário da UFBA, auxiliando outro sergipano-baiano, Nelson Araújo, na busca e conferência de fontes primárias para a escrita de “História do Teatro”.
Ouvindo Gilfrancisco contar algumas histórias, a prolongar sílabas, novamente me pego rindo de suas peripécias ao lado de Nelson Araújo, a seguirem pistas do teatrólogo Sílio Boccanera Júnior a respeito de antigas casas de teatro em Salvador.
Chegaram a ser confundidos com malfeitores no Barbalho, agruras da pesquisa. Havia mais teatros na Cidade da Bahia do que podemos imaginar. O livro de Nelson Araújo, que comprei por indicação de Gil, e tantas outras fontes primárias cedidas por ele, habitam diversos fazeres acadêmicos em nosso Brasil e em outros países. Pode até parecer que se conselho fosse bom seria vendido, mas de graça sugiro que antes de falar de Bahia e/ou de Sergipe, procure, leia o mestre Gilfrancisco. Gil, daqui a pouco irei ligar para você!
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[*] É escritor, sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, professor da UNEB
Foto: Ascom Segrase
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