A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) denunciam um processo de demissão em massa na Refinaria de Manaus (Ream, antiga Reman), que hoje enfrenta um grave risco de desmonte estrutural e funcional. De acordo com informações apuradas pelo sindicato, 75 trabalhadores estão sendo desligados da unidade, configurando um cenário alarmante para a categoria e para o estado do Amazonas. Segundo o Sindipetro-AM, isso corresponde a 50% da força de trabalho.
Sob gestão privada, a Ream tem operado de forma limitada e, segundo o Sindipetro-AM, caminha para se tornar apenas um terminal de distribuição de combustíveis, deixando de exercer sua função primordial de refino de petróleo. “Essa transformação representa não apenas a perda de postos de trabalho, mas também um retrocesso econômico para a região Norte, que depende da atividade da refinaria para geração de emprego, renda e arrecadação”, pontuou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
O Sindipetro-AM e a FUP afirmam que estão tomando providências formais, com denúncias encaminhadas ao Ministério de Minas e Energia e à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). As entidades ressaltam que, no processo de privatização da Ream, foram firmados compromissos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a própria ANP, garantindo a continuidade das operações e o funcionamento pleno da refinaria.
As estatísticas da ANP mostram que a produção média diária da Ream caiu de 1,3 mil barris de gás de cozinha para apenas 340 barris/dia, após a privatização, em dezembro de 2022 – uma queda de 73%. Para o óleo diesel, a diminuição foi de 33%, com a produção da unidade passando de 11,6 mil barris para 7,7 mil barris, a partir de 2022.
“O modelo privado busca rentabilidade e, por isso, tende a reduzir a produção de derivados de menor margem de lucro. Além disso, as refinarias privatizadas enfrentam desvantagens competitivas por não produzirem seu próprio petróleo, dependendo da compra interna ou da importação a preços internacionais”, alerta Bacelar. “Com isso, o compromisso com o abastecimento nacional é comprometido”, disse ele.
Bacelar reforçou o chamado à mobilização da categoria e da sociedade, destacando que novas ações estão previstas a partir de reuniões em Brasília nos próximos dias. “Seguiremos atentos e firmes na defesa dos direitos dos trabalhadores e da soberania energética da região Norte”, concluiu.
———————
Fonte: FUP
Foto: Sindipetro-AM
Deixar Um Comentário