O País acompanhou a tragédia vivenciada pelos moradores de um prédio ocupado em São Paulo, onde pessoas saíram feridas, outras morreram ou continuam desaparecidas, vítimas do incêndio e do desmoronamento do edifício. Tragédias como a que aconteceu pode resultar em traumas para a vida toda. Tiago Andrade, psicólogo do Hapvida, explica que é possível superar os traumas vivenciados após situações de tragédia.
“Assim como o corpo humano tem a propriedade curativa de se regenerar diante de um machucado físico, o cérebro humano também tem a propriedade de se curar de grande parte de eventos emocionais experienciados. Da mesma forma que um ferimento físico pode demorar mais a curar, a mente humana também pode ter maior dificuldade de lidar com eventos emocionalmente traumáticos. Em outras palavras, depende não só de como foi o trauma, mas também de outras variáveis importantes que vão interferir ou não na capacidade curativa do cérebro (idade em que aconteceu o evento, resiliência, intensidade do trauma e recorrência de eventos traumáticos sucessivos, exposição a disparadores de estresse)”, esclarece.
O especialista acrescenta ainda que viver uma experiência traumática pode ser perigoso e esta situação pode resultar no TEPT (Transtorno de estresse pós-traumático). O Transtorno de estresse pós-traumático é caracterizado basicamente como um conjunto de sintomas envolvendo altos níveis de ansiedade e respostas desproporcionais diante de um evento estressor, trazendo prejuízos de ordem social, física e psicológica a quem passou pela experiência”, explana.
O psicólogo ressalta que o TEPT tem tratamento, seu diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde, psiquiatra ou psicólogo e os sintomas devem permanecer por mais de 30 dias depois do evento traumático. Os sintomas do transtorno do estresse pós-traumático podem vir através de pesadelos e lembranças espontâneas, involuntárias e recorrentes (flashbacks) do evento traumático. É importante afastar-se de qualquer estímulo que possa desencadear o ciclo das lembranças traumáticas, como situações, contatos ou atividades que possam se ligar às lembranças traumáticas.
O tratamento deve ser feito concomitantemente através de acompanhamento psiquiátrico e psicológico. “Alguns medicamentos prescritos pelo médico servem para estabilizar o humor, diminuir as sensações de excitação e desconforto. O tratamento psicológico visa tratar tanto as causas do trauma, bem como ajudar o paciente a criar estratégias de suporte emocional para lidar com os eventos disparadores de estresse. E, em especial, um tratamento psicológico inovador, tem apresentado resultados surpreendentes em vítimas de estresse pós-traumático, o chamada Terapia EMDR, que significa (Eye Movement Desensitization and Reprocessing ou Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares). Esta é uma abordagem psicoterapêutica, utilizada em casos de TEPT, transtornos de ansiedade, quadros depressivos e algumas reações de caráter psicossomático”, elucida Tiago.
Foto: Divulgação
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