A paralisação nacional dos caminhoneiros trouxe inúmeras consequências para a economia do País. Os protestos da categoria nos últimos nove dias se espalharam pelo Brasil e ganharam o apoio da sociedade, que mesmo sofrendo com a falta de combustíveis nos postos, falta de alimentos, com a redução do número de transportes, cancelamento de voos, falta de aula, não deixou de considerar justo o movimento.
De acordo com o economista e professor da graduação e pós-graduação da Universidade Tiradentes – Unit -, Josenito Oliveira, a paralisação reflete o sentimento do povo brasileiro. Segundo ele, depois que o Governo adotou essa política de preços dos combustíveis e o efeito para o povo brasileiro tem sido bastante nocivo.
“Ninguém aguenta mais pagar tanto imposto em cima dos combustíveis. Os caminhoneiros estão na verdade externando um sentimento do povo brasileiro. Acho a greve justa, apesar de que isso tem um preço e nós estamos pagando por isso. Mas, alguma coisa tinha que ser feita, não dá mais para ficar nessa inércia e aceitando tudo. Alguém tem que dizer, não, basta!”, diz.
Consequências
Sem dúvida nenhuma que os impactos da paralisação na economia brasileira estão sendo significativos e ainda imensuráveis. Conforme o economista Josenito de Oliveira, o País já está tendo prejuízos e por enquanto a conta não dá para ser feita. Será necessário esperar essa fase acabar para mensurar o prejuízo, que com certeza é altíssimo para todos os setores.
“Nós estamos sentindo isso no nosso dia a dia e a economia como um todo também está sentindo esse reflexo. Temos um prejuízo aí bastante elevado”, afirma.
Na avaliação de Josenito Oliveira, as medidas adotadas pelo Governo não foram suficientes porque se assim o fossem a categoria já teria parado. “Uma parte aceitou, mas a grande maioria ainda não aceitou, mostrando que isso não é suficiente. Não é apenas diminuir R$ 0,46 no litro do diesel que vai resolver o problema”, pontua.
Segundo o economista, essa nova política de preços da Petrobras está baseada no preço do barril do petróleo, que é definido no mercado internacional e também pela taxa de câmbio, ou seja está dolarizado. “Isso não há quem aguente e a prova é que toda semana há aumento dos combustíveis. O povo brasileiro não aguenta mais isso e essa política tem que ser revista, tem que ser mudada”, avalia.
Quem vai pagar a conta
O economista disse ainda que o Governo sinalizou que vai reduzir o valor do diesel, mas para tanto será necessário tirar de outra fonte. “E no final das contas quem vai pagar tudo isso aí somos nós, então vai ser rateado para todo o povo brasileiro”, ressalta.
Ele afirmou também que espera que o Governo seja mais sensato e diminua a carga tributária.
“Nosso sistema tributário é nocivo, é perverso porque ele tributa o consumo e não a renda. O correto, como acontece em países desenvolvidos, é tributar a renda e não o consumo, porque quando você tributa o consumo toda a população paga, principalmente os mais necessitados”, comenta.
Josenito Oliveira diz ainda que a paralisação dos caminhoneiros mostrou que o Brasil está muito dependente do modal rodoviário. “Hoje 60% das cargas do País são feitas via transporte rodoviário, e nós poderíamos estar fazendo o transporte de cargas com o uso de ferrovias e por via fluvial, que é muito mais barato, mas infelizmente optamos pelo transporte rodoviário e estamos dependentes do petróleo, dos combustíveis fósseis, o que é muito ruim”, revela.
Foto: Arquivo pessoal / Josenito Oliveira
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