Paulista de nascença, francês de descendência e sergipano de coração, o chef de cozinha François Ozanne foi o grande vencedor da terceira edição do concurso gastronômico do Encontro de Chefs de Sergipe – Enchefs-SE -, que busca valorizar a cultura e a gastronomia regional, além de indicar o vencedor do evento para representar o Estado no prêmio máximo da gastronomia brasileira, o Dólmã 2018, que ocorrerá em Goiás no mês de dezembro.
François não escondeu a emoção de vencer o Encontro de Chefs 2018. “É de muita felicidade estar com minhas amigas Tâmara e Danila (duas finalistas do concurso) participando Enchefs, numa prova de muita parceria. Poder chegar aqui e receber os votos dos jurados, o carinho, é muito importante e gratificante. Estou muito feliz em chegar neste patamar e ser reconhecido”, destaca.
Realizado na última segunda-feira, 22, no Restaurante Villa Parallelo, a final do concurso Enchefs-SE teve a participação de três finalistas – François Ozanne, Danila Duarte e Tâmara Cavalcante – e contou com a banca avaliadora formada pelos experientes chefs Junior Ayoub, Eduardo Lopes, Gui Fontes e Junior Torres, que foi o vencedor do Enchefs-SE 2017 e é o atual embaixador da Gastronomia Sergipana.
Valorização da cultura
Junior Torres fez sua a avaliação da participação dos finalistas do Enchefs-SE 2018. “Este ano encarei um papel muito diferente e importante, de embaixador, jurado e, além do mais, sou o proprietário do estabelecimento onde aconteceu a final. Vi aqui participantes que travaram uma luta acirrada. Eles tinham muita técnica e tal. Só mesmo as questões do tempo e da pressão os deixaram vulneráveis a cometer erros bobos”, afirma.
O embaixador destaca também a importância do Encontro de Chefs e a valorização dos ingredientes da terra. “O Enchefs-SE é um concurso que valoriza nossa gastronomia, não só comida, mas a cultura em si, a exemplo dos pratos de barros, a louça morena que uso no meu restaurante e estão em extinção. Isso é coisa do nosso Sergipe. Apesar da nossa terra ser um pouco pequena, temos também uma abundância muito grande em frutos, proteínas, leguminosos, folhas, que muitos outros Estados maiores em extensão não têm”, diz.
Coordenadora estadual do Encontro de Chefs e vencedora do Enchefs-SE 2016, a chef Suellen Lima, ressalta também a relevância do evento para o Estado. “O Enchefs-SE veio para valorizar os profissionais da área, conscientizar a sociedade da importância de valorizar a nossa gastronomia como patrimônio imaterial, através dos ingredientes regionais. Este ano, por exemplo, escolhemos como insumos obrigatórios coco verde fresco e amendoim”, afirma.
Trajetória do vencedor
Em todas as edições do concurso, os participantes elaboram receitas valorizando ingredientes da terra. “No meu prato, quis fazer um pouco da mistura que sou. Sou filho de francês e de uma gaúcha, nasci em São Paulo, mas fui criado em Sergipe desde os sete anos. Toda a minha referência de identidade é aqui”, ressalta o vencedor do Enchefs-SE 2018. Ele fez uma receita com robalo na manteiga envolvido numa crosta de amendoim e tapioca juntamente com arroz de coco. “Tudo em uma hora e meia, nas pressas na hora de arrumar. Quando fui me tocar, faltavam minutos para encerrar o tempo. Mas deu tudo certo”, relembra.
Formado em Gastronomia em 2012 na cidade de Aracaju e com passagem por vários restaurantes de Sergipe e de outros locais, até mesmo fora do Brasil, François relata um pouco de sua trajetória. “Após me formar fui para Porto Alegre, onde passei um ano e trabalhei num restaurante muito grande e numa pequena confeitaria caseira. Foram meus primeiros empregos. Sempre como auxiliar. É aquela, fritadeira, me queimando, passando por perrengues, aprendendo”, relata.
Experiências
François continua o relato. “Voltei para Aracaju em 2013, como auxiliar do Urbanno, logo na abertura do restaurante, onde conheci o Junior Torres. Foi um aprendizado imenso. Depois passei um tempinho no Rudah, Muratto Praia, saindo deste último fui abrir o Oliva Bartrô, do chef Cesar Soutello. Foi muito importante para mim. Cesar me deu a oportunidade de ser chef do restaurante. De lá fui para o Blend Burger, quando era só a primeira unidade”, relembra.
O vencedor também já passou por experiências no Peru. “Passei nove meses e pude me diversificar. Trabalhei de voluntário num hostel, quatro meses num restaurante, onde aprendi um pouco de hotelaria, de bar, e fiz um curso de gestão de restaurante na Le Cordon Bleu também, pois não adianta você só saber cozinhar, se quer ter o seu próprio negócio”, relata. Atualmente, François está de volta à Aracaju envolvido em projetos pessoais. “Trabalho como consultor numa empresa chamada Fatia de Mercado”, informa.
Palestras e aulas-shows
Organizado em âmbito local pela Caiçara Consultoria e Turismo, realizado nacionalmente pelo Grupo Conforto Gastronômico e co-realizado pelo Comitê da Gastronomia Brasileira, o Enchefs-SE 2018, além do concurso profissional, promoverá ainda palestra de boas práticas e aulas-show para profissionais, estudantes e amantes da gastronomia, no mês de novembro.
Dólmã 2018
Além de François Ozanne, Sergipe terá mais dois chefs de cozinha no Prêmio Dólmã 2018, que ocorrerá em Goiás no mês de dezembro. As outras duas vagas para representar o Estado serão escolhidas por meio de votação popular via internet, já disponível na página oficial do Enchefs Sergipe no Facebook, e através de indicação do Embaixador da Gastronomia Sergipana 2017, Junior Torres.
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