A 25ª Conferência dos Bancários da Bahia e Sergipe também trouxe à tona questões preocupantes relacionadas aos juros altos, ao endividamento das famílias e às práticas agressivas dos bancos, com a participação da supervisora técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos socioeconômicos) Sergipe, Flávia Rodrigues.
Um dos temas centrais discutidos na conferência foi a taxa Selic, mantida pelo Banco Central em 13,75%. Esta taxa tem impacto direto nos juros cobrados pelas instituições financeiras, fazendo que as dívidas sejam quase impagáveis. Para se ter uma ideia, a inadimplência no cartão de crédito atingiu um preocupante índice de 48,2% em março de 2023
Ela explicou que, o falso discurso técnico usado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de manter a taxa Selic não segue a realidade e não se sustenta, além de travar toda a econômica do país.
Enquanto as famílias vão se afogando em dividas, os bancos continuam lucrando. Os cinco maiores bancos em atividade no Brasil, no caso, Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa lucraram impressionantes R$ 106,7 bilhões, em 2022, representando um aumento de 2,5% em relação a 2021.
Além disto, dados mostram que, em um período de 12 meses, foram fechados 596 postos de trabalho no setor bancário e 300 agências físicas tradicionais foram fechadas. Esta tendência tem deixado trabalhadores desempregados e comunidades sem acesso a serviços bancários presenciais, prejudicando especialmente aqueles que dependem destas agências para realizar diversos tipos de serviço.
A crescente digitalização do sistema financeiro tem causado impacto direto e negativo nos empregos da categoria bancária. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), desde 1990, o número de bancários diminuiu quase pela metade, caindo de 800 mil para 442 mil em 2021.
Para se ter ideia, a categoria bancária, que antes representava a maioria dos trabalhadores do setor financeiro, encolheu drasticamente ao longo dos anos. Em 1990, respondia por 95% dos trabalhadores, já em 2021 o índice despencou para 43%.
Além disto, segundo dados do Dieese, o número de agências físicas também sofreu redução acentuada, de 23 mil em 2015 para pouco mais de 17 mil em 2022, queda de 22,5%. Por outro lado, no ano passado, o investimento do setor bancário atingiu a marca de R$ 34,9 bilhões, crescimento de 18% em relação a 2021, quando foram investidos R$ 19,8 bilhões.
Os bancos têm usado e abusado do avanço tecnológico para reduzir custos, eliminar postos de trabalho e o atendimento humanizado para os clientes, sobretudo os mais pobres. Vale lembrar que nem todo mundo tem acesso aos serviços online.
Não à toa, as empresas têm ampliado as demissões em massa para aumentar os lucros, que já são escandalosos. Esta realidade é reflexo do sistema capitalista e da política neoliberal, que adoecem e desestabilizam a classe trabalhadora.
—————————–
Fonte: Seeb/SE
Foto: Ascom Seeb/SE
Deixar Um Comentário