GILFRANCISCO (*)

Série de orações e práticas litúrgicas realizadas durante um período de nove dias para obtenção de alguma graça divina. Teve sua origem na tradição católica, mas pode ser encontrada também em outras religiões ou crença. É uma prática de espiritualidade que fazemos durante nove dias, geralmente para um Santo, afim de que ele nos ajude a entrar em contato com Deus, pedindo por uma causa.

São João Batista, segundo a Bíblia nasceu milagrosamente em Aim Karim, cidade de Israel que fica a 6 quilômetros do centro de Jerusalém. Seu pai era um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias. Sua mãe foi Santa Isabel, que era prima de Maria, Mãe de Jesus foi chamado por Deus para a missão de anunciar a vinda do Messias.

São João Batista – Foto: Reprodução

João Batista morreu martirizado, tendo sido degolado. Para os cristãos, São João Batista é conhecido como São João do Carneirinho por estar sua imagem rodeada de carneiros. Já em diversos grupos que praticam o Candomblé no Nordeste, o Orixá Xangô divindade do fogo é sincretizado com São João Batista.

Nessas novenas, rezamos com São João Batista, o maior de todos os profetas, aquele que viu o Cordeiro de Deus. As novenas do glorioso São João Batista, padroeiro da Capelinha do Bairro Industrial, teve início a partir do dia 15 de junho.

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1903.                            

Novenas de São João no Bairro Industrial

Foram notários de anteontem os Srs. Negociantes moradores no bairro, chefiados pelo sr. Antônio José de Paiva, que tudo fez para que a sua noite não ficasse a quem das procedentes, havendo bastante animação e concorrência de fiéis.

Houve salvas e tiros, foguetes, iluminação a valer.

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¹ Capítulo do livro A Fábrica de Tecidos “Sergipe Industrial” na Imprensa Sergipana,
GILFRANCISCO (inédito), 600 páginas.

Oficiou no ato o revm. Sr. Padre Manoel Raymundo de Melo, digno vigário desta freguesia, entoando os cânticos respectivos a música do coro.

A banda policial dirigida pelo seu hábil mestre Jorge Americano Rego, tocou lindas peças, que muito agradaram aos ouvintes.

Depois de acabado o ato das novenas, toou uma marcha muito bonita na porta do sr. Antônio Paiva, sendo oferecido ao mestre e seus companheiros um copo de cerveja, o que muito os satisfez.

Torna-se digno de louvor o modo por que aquele cavalheiro sabe cumprir os seus deveres, principalmente os da religião.²

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Capelinha do Bairro Industrial em sua construção original, Fábrica de Tecidos Sergipe Industrial – Foto: Reprodução

Novenas de São João no Bairro Industrial

A noite de anteontem correu maravilhosamente, mesmo de féerismo admirável, tanto na decoração interna da mimosa Capelinha, como no aparato externo, que foi digno do todo o elogio.

Comparecerão ao ato os vigários Manoel Raymundo de Melo, João Florêncio e o Padre Rocha, cabendo a este o elogia do santo, que foi pomposo e na altura dos seus méritos literários.

Falou eloquentemente sobre o assunto, nada deixando a desejar-se.

A música de polícia tocou deslumbramente lidas peças durante o ato e a orquestra do coro esteve admirável. Subiu ao ar muitas girandolas de fogos, o que se repetiu durante o dia.

Depois de concluídos os atos da igreja, foram distribuídos pelos circunstantes o emblema de S. João.

A rua achava-se iluminada a gorno deslumbrantemente, e via-se, além de um bem-acabado palanque, vistosa arcada de folhagem muito bem, organizada.

O sr. Coronel Eduardo Cruz, residente em Maruim e muito digno irmão de Thomaz Rodrigues da Cruz, fazendo parte importante da firma comercial Cruz & Irmão, foi encarregado de todo aquele brilhantismo, como novenário escolhido para aquele dia.

O digno dr. Thales Ferraz e seu honrado pai, coronel José Augusto Cesar Ferraz, diretor e gerente da Fábrica de Tecidos, muito se esforçarão para serem agradável ao público, revelando inteiro gosto e zelo na decoração da Capela.³

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1904.

Novenas de São João – Bairro Industrial

A terceira novena anteontem realizada, correu com animação relativa tudo se fazendo para que não passasse despercebida a noite. O Revm. Vigário João Florêncio foi o celebrante e as Senhoritas que o auxiliaram cada vez mais agradável tornaram aquelas horas.

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² O Estado de Sergipe. Aracaju, 20 de junho de 1903.
³ O Estado de Sergipe. Aracaju, 21 de junho de 1903.

A banda Policial do mesmo modo que dantes, 

Caprichou no desempenho das partituras que tocava.

O Dr. Gonçalo de Faro Rollemberg e sua respeitável mãe, a Exm. Senhora D. Maria, de Faro Rollemberg, foram representados como noitários pelo Sr. José de Faro Rollemberg, filho do primeiro e neto da segunda.

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Às 10 horas do dia de hoje, haverá na Capelinha Missa Cantada, funcionando no ato três Sacerdotes, e sendo o Coro dirigido pelas mesmas duas hábeis maestrinas.

Ministrar-se-á em seguida à Missa a crisma a quatro pessoas quiserem receber esse sacramento.

Desde as 4 horas da tarde achar-se-ão as duas bandas, do Corpo da Polícia e S. Cecília, a tocar para alegrar o Bairro, arrevesadamente, peças festivas.

A noite celebrarão, na novena os mesmos três Sacerdotes da manhã.

Mais tarde serão queimadas duas ou três rodas de fogo de planta.4

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Novenas de São João – Bairro Industrial

No sábado, 18 do corrente, realizou-se a 4ª noite de novenas na mimosa Capelinha do Bairro Industrial.

Naquele bairro, desde as 5 horas da manhã, ao repontar da aurora, quando o campanário da Capelinha tocava as mais festivas matinas já se anunciava a satisfação de todos os habitantes por meio de girandolas e salvas, que despertavam e chamavam apostos aos fiéis devotados ao culto de S. João.

A rua do Cayçá a essa hora estava toda decorada e enfeitada com goto e arte, para que não fosse pelas outras noites vencida está em realce e pompa.

Às 3 horas da tarde já era grande afluência de pessoas da capital, avidas dos deleites e prazeres que aquele bairro tem sido pródigo em proporcionar.

Ao chegar a banda de música “S. Cecília”, subiu ao ar uma mesma, que é sempre ali recebida com o maior agrado.

Depois, chegou a bando do Corpo Policial, que teve as mesmas demonstrações de afeto, e as mesmas provas de cortesia.

Às 7 horas da noite, era digna de ver-se a beleza da mesma rua, produzindo o maior encanto o luxo variado que ostentava em sua decoração.

Capela atual, após reforma de 1949 – Foto: Reprodução

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4 O Estado de Sergipe. Aracaju, junho de 1904.

Iluminada a giorno, tinha em toda em toda a sua extensão oito focos rotatórios de luzes cônicas, e as bandeiras e flamulas cruzadas em todos os sentidos eram agitadas docemente pelo compassar do agitar das brisas.

Os Revms. Padres Manoel Raymundo de Melo, vigário forano, João Florêncio da Silva Cardoso e Virgílio Montalvão vigários Paroquiais foram os celebrantes da noite de novenas, entoando a ladainha e os cânticos e já conhecido coro de distintas senhoritas desta capital, que tantos e tão merecidos aplausos tem recebido.

Foi um verdadeiro sucesso o modo suave e delicado com que entoaram hinos harmoniosos ao glorioso S. João, acompanhadas a harmonia e flauta.

Os Srs. Abraham, de Britto Lima e David Prado fizeram saliência, o primeiro com sua agradável voz de contralto e o segundo com sua flauta bem afinada e deliciosa.

Ao terminar a novena, foi feita a distribuição de lindos cromos em que estava estampada a imagem de S. João, as quais foram mandados vir especialmente da Europa pelo simpático Dr. Thales Ferraz, muito digno mordomo da noite.

Foram distribuídos outros mimosos registros e uma linda e inspirada poesia nitidamente impressa e análogo ao ato.

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Acabada a cerimônia religiosa, passaram-se os concorrentes para o grande salão de baile dos operários que corretamente iluminado a acetileno e decorado com muito gosto, tendo lidas palmeiras nas janelas e pendentes das paredes engraçadas trepadeiras, ficou regurgitante de famílias e cavalheiros, desta capital que foram tomar parte na graciosa festa dos filhos do trabalho.

O Exm. Sr. Dr. Josino Menezes, muito digno Presidente do Estado e toda a sua luzente comitiva celebram as mais agradáveis impressões neste festival promovido pelos operários e artistas da “Fábrica de Tecidos” ficando também muito impressionado com a disciplina e ordem que os seus diretores coronel José Augusto Cesar Ferraz e seu filho Thales Ferraz, perfeitos cavalheiros sabem imprimir em toda o seu pessoal, que é tratado por eles com  esmerado carinho.

Correu sem o mais ligeiro incidente desagradável e num crescente de entusiasmo, a inocente festa dos operários demorando-se o baile até o amanhecer do dia seguinte.

É digno de nota especial, e damos os nossos bravos por isso, o modo com que os cavalheiros e senhoritas desta capital, de envolta com os artistas e operários da fábrica, faziam causa comum, sem distinção de classe e posições.

Muitos e muitos parabéns a todos os artistas, ao pessoal do escritório e do honrado e distinto amigo Dr. Thales Ferraz pelo modo brilhante com que fizeram sua festa, e muita gratidão pelas rendilhadas gentilezas que nos dispensaram.5 

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Novenas de São João – Bairro Industrial

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5 O Estado de Sergipe. Aracaju, junho, 1904.

A 6ª noite de novenas do “Bairro Industrial” esteve ao nível das demais, e os seus mordomos tudo fizeram para que não diminuísse o encanto dos que tem apreciado as demais. Foi, pois, o seu esplendor o maior possível, sendo os moradores do bairro surpreendidos de ora com surpresas novas.

Novos preparativos foram feitos, com a maior rapidez, para que o gosto d decoração da igrejinha e da rua fosse mudado.

Incumbidos pela noitariosas Dr. Felemon Lobão e Dr. Thales Ferraz, não podia ser melhor sucedidos no desempenho de sua incumbência.

Às 6 horas em ponto entraram no bairro tocando festivas e harmoniosas as duas bandas musicais, da polícia e S. Cecília, e de então começou a aparecer o entusiasmo.

Foi celebrado o ato da novena pelo Revm. Cônego Manoel Raymundo de Mello, auxiliado pelos Revms. Peregrino e Vigário João Florêncio.

Teve o mesmo esplendor que as anteriores e os assistentes foram grandemente deliciados com os cânticos do costume.

Findo o ato, todos que ali se achavam receberam o delicado convite do coronel José Augusto para penetrar no salão de bailes, e ali improvisaram-se danças que com a maior animação terminaram às 11 horas da noite, quando suaram os harmoniosos compassos do hino nacional.

Retiraram-se todos com saudades de tão amável convivência.

Os nossos parabéns aos srs. Teixeira Chave & Cia, representados pelos dois cavalheiros supramencionados pelo modo brilhante com que se saíram e mil agradecimentos ao Dr. José Alves da Costa, sócio da firma, pelo acolhimento bondoso que tivemos.

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Da noite de hoje são mordomos os srs. Rodrigues Fernandes & Cia., e conta-nos que se estão preparando para análogas brilhanturas.6

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Sergipe Industrial – Capela

Exma. Sra. D. Marianna Diniz Barreto – Nesta – A Comissão encarregada das novenas e da festa do glorioso S. João, que se venera na Capela do Bairro Industrial, realizadas ultimamente e cujo brilhantismo se deve principalmente ao gracioso e imponente grupo de cantoras do qual era v. ex.  parte principal, vem penhoradíssima agradecer à V. ex. e as suas distintas companheiras o inolvidável concurso que esse esplêndido grupo tão gentilmente lhe prestou.

Como uma lembrança dessas magnificas festas, a comissão envia à V. ex. a quantia de 300$000 para ser empregada em obras de Caridade a escolha de V. ex.

Rogando à V. ex. de aceitar esta piedosa incumbência, a comissão reitera à V. ex. os seus protestos de alta estima, e consideração.

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6 O Estado de Sergipe. Aracaju, junho de 1904.

A Comissão, Thales Ferraz e José Baptista Costa

Aracaju, 10 de julho de 1904.

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Ilmº Srs. Dr. Thales Ferraz e José Baptista da Costa – O grupo de cantoras que menos      dignamente representamos, e que teve a honra de concorrer para as solenidades das Novenas e Festas do glorioso S. João, que se venera na Capela do “Bairro Industrial”, acaba de ser distinguido com um delicado agradecimento, que o acrisolado cavalheirismo de V.V.S.S. houve por bem endereçar-lhe no caráter de encarregados dos mesmos atos religiosos.

Permitam V.V.S.S. que em atenção à grande satisfação com que o humilde grupo se prestou a realizar os cânticos acima ditos, só aceite ele a honrosa manifestação de V.V.S.S. como uma prova de mais de sua imensa gentileza, e sua amabilidade sem limites, pois nada mais fiz do que cumprir com um dever de amizade e devoção.

Como uma lembrança dessas magnificas festas, no dizer de V.V.S.S. dessas noites encantadoras e semidivinas, como entendemos, dignáramo-nos de enviar-nos a quantia de 300$000 para ser empregada em obras de caridade, à escolha do mencionado grupo.

Aplaudido com veemente entusiasmo este requinte de bondade de V.V.S.S., escolhendo-nos para missão tão honrosa, toleram V.V.S.S. qualifiquemos seu proceder, digno de ser ilimitado, como oriundo do fervor religioso que abrasa seus bem formados e afetuosos corações.

Declaramos a C.V.S.S., em nome do grupo que representamos que sua valiosa oferta será aplicada para ajudar a aquisição de um altar para N. Senhora da Pureza, porque de a muito moureja-nos e labutamos com a máxima coragem, e cuja encomenda acaba de ser feita para o Rio de Janeiro, por obsequiosa intervenção do Exm. Senador Monsenhor Olympio Campos.

A Virgem, corredentora da humanidade, expurga sobre as cabeças de V.V.S.S. as rosas e os lírios de suas infinitas graças e perene assistência. 

As representantes do grupo

Marianna Diniz

Antônia de Santiago

Aracaju, 11 de julho de 1904.7

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1905.

Bairro Industrial – Novenas de S. João

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7 O Estado de Sergipe. Aracaju, 12 de julho de 1904.

Começaram anteontem as honrosas novenas de S. João Batista em sua Capelinha no Bairro Industrial.

Contou a noite o Rvm. Vigário João Florêncio da Silva Cardoso, auxiliado pelo Rvm. Padre Salesiano, Lourenço Giordani.

Entoou a ladainha e os hinos do costume o mesmo grupo cantante do ano passado, que se desempenhou primorosamente desse harmonioso encargo, sendo ele composto de gentis e graciosas senhoritas desta cidade, dirigidas pelas inteligentes e espirituosas D. Marianna Barreto e D. Antônia de Santiago.

O pequeno templo ostentava-se decorado com muito gosto e arte; e a Rua do Cayçá era digna de ver-se pelos enfeites e luzes bem combinadas que apresentava.

A banda do Grupo Policial fez-se ouvir condignamente durante o ato.

Muitas girandolas espocavam no ar ininterruptamente, de momento a momento.

Os novenários das 7 primeiras noites são todos do pessoal da Fábrica e das 2 últimas são os Srs. Tenentes coronéis José Victor de Mattos e Eduardo Cruz.

Daremos oportunamente o programa da festa.

À tardinha e horas de costume, as pessoas que quiserem assistir às novenas do “Bairro Industrial” encontrarão na ponte do Governador uma embarcação ao seu dispor. 8

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Novenas de S. João Batista no Bairro Industrial

Continuam a fazer-se com toda a pompa e esplendor as novenas de S. João Batista naquele bairro.

Anteontem, domingo, houve Missa solene, celebrada pelo Revm. Vigário forâneo, Manoel Raymundo de Mello, sendo os hinos entoados pelas mesmas cantoras e pelo Sr. Abraham de Britto Lima.

Depois do ato, inaugurou-se a nova “Filarmônica” da Sergipe Industrial, tendo por protetor o Divino Espírito-Santo, por ser aquele dia consagrado à devoção da SS. Trindade.

A banda, confiada ao inteligente maestro José Pequeno, desempenhou-se com a máxima perfeição e todo gosto.

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8 O Estado de Sergipe. Aracaju, nº 1950, 20 de junho de 1905.

À tarde fez-se a mesma ouvir, em delicada retreta, intervalando com a banda do Corpo Policial, ambas executando, à porfia, excelentes trechos, que nada deixaram a desejar.

Muitos cavalheiros desta Capital honraram com sua presença o vistoso bairro.

Teve lugar à noite a novena, que se celebrou com extraordinário realce.

Programa da Festa

Foi-nos enviada a seguinte nota – programa da festa, que se realizará no dia 24 do corrente, na mimosa capelinha do Bairro Industrial, para darmos à mesma a devida publicidade, o que fazemos com o máximo prazer.

A missa principiará às 10 horas, sendo celebrante o Rvm. Cônego Fonseca, acolitado pelos Rvms. Vigário João Florêncio e Padre Antidio.

Ao Evangelho ocupará a tribuna sagrada o Rvm. Cônego Manoel Raimundo de Mello, que pronunciará um sermão, na altura de sua erudição e talento.

Às 7 horas da noite, haverá Te-Deum solene, pregando nessa ocasião o inteligente o ilustrado vigário João Florêncio. 9 

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Novenas de S. João Batista – Bairro Industrial

Completaram-se ontem a 7ª noite de novenas, realizadas com o mais notável esplendor pelos operários e pessoal do escritório da Sergipe Industrial.

São dignos de elogios todos os que se incumbiram ao realce e brilhantismo desses anos, que não destoaram dos do ano passado, especialmente o ilustre gerente da fábrica, Sr. Dr. Thales Ferraz.

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Espera-se hoje uma novena de muita in fluência, sendo o mordomo respectivo o honrado cavalheiro, Sr. Coronel Eduardo Cruz, que já se acha com sua exmª família, tendo-se instalado, há dias, naquele pitoresco bairro.

À tardinha achar-se-á em frente do sagrado templo a banda de música da fábrica e da polícia, executando lindas peças, em retreta.

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9 O Estado de Sergipe. Aracaju, nº 1955, 22 de junho de 1905.

Terá lugar amanhã a novena do digno Sr. Coronel José Victor de Mattos, e espera-se igualmente muita pompa e todo o esplendor. O ato será celebrado muito cedo, por causa do brinquedo de busca-pés à noite.

Depois de amanhã, dia da festa, logo após o Te-Deum, à noite, será queimado um lindo fogo de artifício, preparado por um hábil artista.10 

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Novenas de S. João Batista no Bairro Industrial

A última noite de novena no Bairro Industrial foi um verdadeiro deslumbramento, concorrendo para isso grande afluência de povo desta capital.

A capelinha apresentou-se decorada com gosto e arte.

As duas bandas de músicas fizeram-se ouvir com distinção, tocando em retreta, formosas peças do seu repertório até 9 horas da noite.

A iluminação esteve vistosa e foi de grande efeito ótico.

O grupo encarregado dos hinos, ainda, esta vez, fez honra aos créditos já adquiridos, agradando de um modo excepcional.

Os Srs. Coronéis Eduardo Cruz e José Victor, de Mattos, são dignos de muitos aplausos e parabéns, pelo empenho que o ponderam realce de suas noites de novenas.

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Teve lugar a festa no dia 25, começando a animação com as salvas e saudações matinais.

Às 10 horas cantou a Missa festiva o Rvm. Vigário João Florêncio, e foram seus acólitos os Revms. Padres Antidio e Fonseca.

Incumbiu-se do sermão o Rvm. Vigário forâneo, Manoel Raimundo de Mello, que brilhantemente fez o panegirico do Precursor João Batista, com a beleza e encanto de que sabe dispor em destas ocasiões pelo que foi grandemente aplaudido.

O grupo das moças cantoras esteve digno de elogio e recebeu muitas flores de ovações e aplausos populares.

Por falta de dados, deixamos de publicar os nomes das distintas cantoras, mencionado, apenas, os das dignas e talentosas diretoras do elenco d. Antônia de S. Thiago e d. Mariana Barreto, incansáveis em promover o brilhantismo e esplendor de todos os atos da capelinha do Bairro Industrial.

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10 O Estado de Sergipe. Aracaju, nº 1953, 27 de junho de 1905.

Vem de molde consignar também aqui um elogio aos inteligentes Abrahão de Britto Lima e Francisco Avelino, que muitos concorreram para o resultado das festas, um cantando as novenas e outros dirigindo a pequena orquestra da Missa.

O Te-Deum foi celebrado à tarde, correndo tudo na melhor ordem, e animada retreta das duas bandas marciais, disputaram a palma da vitória até a hora do fogo de artifício, que esteve bom, e merecem os encômios dos espectadores.

Queimado o fogo, improvisaram-se danças que estiveram sempre animadas até alta noite.

Sinceros parabéns aos honrados juízes da festa.

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Juízes da festa e mordomos das novenas do Glorioso S. João do Bairro Industrial, para o ano de 1906:

Juízes da festa – Cruz, Ferraz & Cia

Mordomos das novenas:

1ª noite – Pessoal da preparação, fiação e enrolador; 2ª – Pessoal da máquina e do escritório; 3ª –Srs. Fenelon Lobão, José Carneiro de Mello e José Victor de Mattos; 4ª – Pessoal da tecelagem, engomadeira e dobrador; 5ª – Srs. Coronéis Adolpho Rollemberg e José Augusto Cezar Ferraz; 6ª – José de Barros França, Sebastião Meneses e José da Silva Ribeiro; 7ª – Srs. Coronel José Dória Neto, Nelson Dória e João Góes Junior; 8 – Srs. Dr. Thomaz Cruz e João Rodrigues da Cruz; 9ª –Família Diniz e Cantoras.11

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 11 O Estado de Sergipe. Aracaju, 28 de junho de 1905.

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(*) É jornalista, pesquisador, professor e escritor. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe – UFS, membro do Grupo Plena/CNPq/UFS e do GPCIR/CNPq/UFS. E-mail: gilfrancisco.santos@gmail.com