Existe história e alma nos modos de criar coisas. Criar envolve tempo e significado. Em um Sergipe tão diverso, os modos de criar são plurais, fazendo da identidade e dos fazeres do povo sergipano algo único e valioso para o nosso país : o povo, o que é do povo, o que é feito pelo povo. A sergipanidade é isso, celebrar o nosso povo, celebrar o que somos. No FAZERes e VIVERes SERgipanidade, que acontece de 23 a 30 de outubro, as tecelãs de Malhadinha, tranceiras de Alagamar, rendeiras de Divina Pastora e catadoras de mangabas, mulheres artesãs de comunidades tradicionais, mostrarão toda as belezas que produzem em ações que englobam as áreas de moda, decoração e gastronomia.
O projeto tem como foco o elo entre o público, lojistas e empresários e o fazer artesal sergipano, através e vivências de consumo exclusivo – produtos não massificados e a sensação única de estar compartilhando uma história, de conhecer como e por quem é feito. Enaltecer a coletividade, também é uma meta do projeto, que criou várias pontes em formato de encontros, de onde surgiram propostas interessantes que o público poderá vivenciar: o encontro entre catadoras de mangabas e chefs sergipanas, possibilitou a criação de pratos exclusivos que farão parte do menu de quatro restaurantes durante a semana da Sergipanidade. Ou a curadoria de peças das nossas mulheres artesãs que inspiraram Celi Miranda , Laura Estrela e Rejane Schultz, mulheres profissionais de arquitetura e decoração, a criarem no Shopping Jardins uma vitrine onde provam a contemporaneidade do artesanato sergipano na decoração. Na moda, peças e acessórios em palha, renda irlandesa e tecelagem natural, embelezam looks com roupas de grandes marcas brasileiras da loja Casa Hábyto.
Com a colaboração da Rede Solidária de Mulheres, Instituto Banese, Casa Habyto, Shopping Jardins e Qreative, FAZERes e VIVERes SERgipanidade, é um dos primeiros projetos gerados pela ÇIRIJI – Olhar para Sergipe e criar pontes, uma plataforma colaborativa que tem como missão documentar, divulgar, amplificar e fomentar, a arte, artistas, artesãos e empreendedores criativos, com ênfase nas tradições, saberes e matérias-primas de Sergipe. Um patrimônio repleto de potenciais e conteúdos de belas vivências, essenciais para nosso desenvolvimento econômico e social, decisivo para o bem-estar dos sergipanos e das futuras gerações.
Sobre as artesãs:
Tranceiras de Alagamar
Associação do Território da Comunidade Remanescente do Quilombo
Alagamar
Povoado Alagamar – Pirambu
Até mesmo o bom sergipano se confunde com os vários modos de chamar os coquinhos fruto da palmeira da Syagrus Coronata: Ouricuri, adicuri, licuri ? Todas as formas são válidas, bem como é chamada a palha, matéria-prima de uma tradição secular mantida por e artesãs autodeclaradas remanescentes do quilombo Alagamar. Na busca das palmas na mata, a lua nova e a maré cheia, facilitam o puxar da palha “pelas costas”, ensinamentos passados por mulheres, anos e anos, assim como as técnicas artesanais, para manter viva sua cultura e como alternativa de sobrevivência. Das mãos que trançam a palha da Ouricurizeira surgem chapéus, bolsas, cestos, luminárias, tapetes, acessórios que ganham o mundo. Palha e amor é como essas mulheres, que buscam incansavelmente manter a cultura de suas ancestrais, nos presenteiam com peças da mais alta e sustentável qualidade.
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Rendeiras de Divina Pastora
ASDEREN – Associação para o Desenvolvimento de Renda de Divina Pastora
ASDRIN – Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora
Nossa pesquisadora, Aglaé Fontes, em seu livro “Rendas e Rendeiras: oficio de encantar, escreve sobre “mãos que no vai e vem trançador constroem belezas e desafiam a harmonia de um riscar secular”. As mãos que ancantam, como ela descreve no texto, são das nossas rendeiras de Divina Pastora, que usam uma técnica conhecida como renda irlandesa ou ponto de Irlanda. Fazeres seculares que remontam à Europa do século XVII e que, na sociedade local, do período colonial aos tempos presentes, são praticados por mulheres de maneira coletiva, mesmo se tratando de uma atividade individual. E assim, as rendeiras de Divina Pastora se juntam para troca de conversas e informações nas duas associações existentes. No ano de 2000, a renda irlandesa de Sergipe, recebeu o título de Patrimônio Cultural do Brasil, conferido pelo IPHAN, sendo o modo de fazer incluído no Livro de Registro dos Saberes. Ao reinventar continuamente a técnica, os usos e os sentidos desse saber-fazer,as mulheres de Divina Pastora fazem dele mais que um meio de vida e constroem belezas únicas. O uso do lacê do tipo cordão sedoso achatado, mesmo empregando uma técnica antiga, resultou na confecção de uma renda singular, um diferencial em relação às rendas produzidas em vários estados da Região, o que rendeu o Selo de Indicação Geográfica em reconhecimento ao processo exclusivo do modo de fazer.
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Tecelãs de Malhadinha
Tecelagem de Malhadinha – Poço Verde
Em Poço Verde, semiárido sergipano, um ofício baseado na produção familiar, tem em seu processo palavras fortes que são parte de um vocabulário próprio do modo de fazer artesanal, e nós, meros mortais urbanos, não utilizamos no nosso dia a dia : urdir, entranhar, tecer. A urdidura consiste em preparar os fios que receberão a trama. O entranhar é passar os fios do urdume preparado um a um pelos liços, alternando as camadas que gerarão a trama, qualquer deslize aparece como defeito no resultado. No tecer, pés e mãos em harmonia desenvolvem a trama. O acabamento é todo manual. Dos finos fios de algodão colorido surgem redes de dormir, produto principal, e outros itens de decoração, como mantas, peseiras, almofadas e jogos americanos.Há algumas gerações este ofício, que tem influências indígenas e europeia, é transmitido desempenhando um papel educativo, de formação ética e cultural.
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Catadoras de mangaba
Povoado Ribuleirinha – Estancia/SE
Povoado Capuã- Barra dos Coqueiros/SE
Povoado Pontal-Indiaroba/SE
Povoado Manoel Dias-Estancia/SE
Poderosas! Elas simplesmente são as guardiãs da árvore símbolo do Estado de Sergipe. Autodeclaram-se comunidade tradicional, Catadoras de Mangaba, mulheres em maioria negras, marisqueiras, pescadoras artesanais, culinaristas, artesãs, agricultoras familiares, compositoras e poetisas. Mulheres sergipanas mangabárbaras, no sentido mais poético da palavra. São também mantenedoras identitárias de saberes e fazeres relacionados a defesa do território das matas de restinga, manguezais, rios, lagoas, várzeas e mar no Estado de Sergipe. Além do elixir sergipano chamado suco de mangaba, com a fruta criam deliciosas receitas. No projeto irão compartilhar seus conhecimentos com chefs mulheres sergipanas, para juntas criarem deliciosas receitas .
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Programação
23 a 30 de outubro ( conforme dias e horários funcionamentos espaços)
FAZERes e VIVERes SERgipanidade – Decoração: Vitrine Cajucidade – Shopping
Jardins(em frente a Kalunga)
Vitrine por Celi Miranda , Laura Estrela e Rejane Schultz
FAZERes e VIVERes SERgipanidade – Gastronomia: Mangabárbaras no
menu
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Catadoras de Mangaba e chefs sergipanas criam receitas que estarão no
cardápio na semana da Sergipanidade :
Tainara e Seichele – Seu Sergipe – Dr. Célso Oliva, 287 – Treze de Julho,
Silvana e Dan – Dona Divina – Rua Péricles Barreto, 185 Salgado Filho
Amanda e Roberta – Casa do Mangue – R. Alu Campos, 180 – Farolândia,
katiane e Gui – Cozinha Singela – R. Estancia, 2041
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FAZERes e VIVERes SERgipanidade – Moda: Loja Habyto – Vitrine e Show-
room
Desfile – 26 de outubro, 19h
Av. Jorge Amado, 861 – Treze de Julho
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