Após atuação do Ministério Público Federal – MPF – em Sergipe foi possível restaurar dez imagens da Paróquia Nossa Senhora do Socorro, localizada no município de Tomar do Geru, distante 130 km da Capital Aracaju. A igreja, construída em 1688, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. O trabalho de restauração das peças durou três anos e foi executado em um ateliê autorizado pelo Iphan, sediado em São Cristóvão, SE. O serviço, cujo custo ficou em R$ 100 mil, foi pago por empresa mineradora, após Termo de Ajustamento de Conduta – TAC – firmado com o MPF em Sergipe.
Segundo o atual pároco, padre José Adinaldo Pereira, a igreja foi construída há 330 anos e é herança da passagem dos jesuítas pela região, no século XVII. “Foi construída num esforço conjunto entre os jesuítas e os índios kiriris, o que se reflete na representação das imagens que, diferentemente das representações tradicionais, possuem explícitos traços e referências indígenas”, explicou. As obras foram produzidas em madeira e terracota (argila), em 1688.
“Quem visita a igreja, que está belissimamente adornada pelas imagens restauradas, pode perceber que os índios talharam anjos, com olhos amendoados e vestes representativas da cultura indígena”, afirmou a procuradora da República Lívia Tinôco. “As imagens revelam a cultura brasileira sincrética, nascida do contato e de um convívio que deixou as marcas da identidade, da ação e da memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”, acrescentou.
Compensação ambiental
O dinheiro para pagar a restauração das esculturas sacras foi proveniente de empresa mineradora que funcionava sem licença ambiental e minerária. Além disso, havia dano ambiental com o barulho causado pelas explosões que provocava. A empresa adquiriu decibelímetros, aparelhos utilizados pelo Pelotão Ambiental da Polícia Militar de Sergipe para medir a poluição sonora.
No acordo, a mineradora também ficou responsável por contratar um profissional engenheiro de minas e revisar o plano de lavra e de fogo da pedreira, de modo que seja prevista a recuperação do ambiente degradado pela exploração dos recursos minerais.
“O MPF resolveu dois problemas que existiam em Tomar do Geru a um só tempo: o funcionamento ilegal da pedreira, que afetava a população e o meio ambiente, e o péssimo estado de conservação dos bens culturais tombados, da Igreja Nossa Senhora do Socorro, que é um testemunho expressivo da presença jesuíta em Sergipe e da influência indígena na produção da arte sacra no século XVII”, conclui a procuradora Lívia Tinôco.
Fonte: MPF/SE
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