GILFRANCISCO: Jornalista, professor universitário, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Associação Sergipana de Imprensa – ASI, do Grupo Plena/CNPq/UFS e do CPCIR/CNPq/UFS. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail: gilfrancisco.santos@gmail.com

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Quando você olha atentamente para a literatura de uma língua, você é capaz de conhecer outros aspectos e fatores sobre aquele tempo, país ou cultura. Isto é, os problemas que se passavam na sociedade na época em que foi escrito. Como investigador, explorador, indagador, esmiuçador, observador, tenho me dedicado a pesquisar nesses últimos 50 anos as literaturas baiana e sergipana a procura infatigável de um instante revelador, de uma descoberta. O período tratado nesse artigo sobre nosso homenageado, corresponde aos anos 60, quando aparece suas primeiras publicações na imprensa baiana. A reconstrução desses “apontamentos” sobre o sociólogo, poeta, romancista, novelista e militante político, Fernando Braga Batinga de Mendonça, que viveu em vários países em dois Continentes, foi muito difícil.      

Fernando Braga Batinga de Mendonça – Foto: Reprodução

Apesar de possuir uma obra despojada, lúcida e audaciosa, uma produção em prosa e verso, iniciada nos anos sessenta, e está presente no mercado editorial nacional e internacional, com pouco mais de dez títulos, infelizmente ainda não é uma personalidade estudada pelo meio acadêmico. Quero acreditar que talvez por falta de reedição de seus livros, principalmente a obra poética, editada em 1966/68.

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Fernando Braga Batinga de Mendonça, nasceu em 13 de setembro de 1943 na cidade do Salvador, oriundo de classe média, filho de Helson Batinga de Mendonça e Maria de Lourdes Braga de Mendonça. Dado aos livros desde a infância, estudou em colégios renomados Anfrisia Santiago (particular) e Severino Vieira (público), ambos localizados no bairro de Nazaré. Segundo ele em “Carta a Paulo Freire”, escrito em Frankfurt (1974), inicia o texto:

Nasci na cidade da Bahia em 1943, em cujas águas e ladeiras brinquei, aprendendo em azul e bananeiras que o homem é bom e que o ódio vem do fundo da fome e da opressão cotidiana contra o pobre e o preto, da humilhação açoitando rostos e casebres. 2

Batinga ingressa no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia-UFBA em 1963 e conclui em 1966, como sociólogo. Em seguida dedica-se ao magistério, lecionando em dois colégios, Manuel Devoto (bairro do Rio Vermelho) e Duque de Caxias (bairro da Liberdade).

I Feira Baiana de Poesia. Escritor Jorge Amado e os poetas Carlos Cunha, Rose Foly e Fernando Batinga – Foto: Reprodução

Militante na política estudantil esteve sempre participando dos movimentos culturais da cidade; participou da I Feira de Música e Poesia na Praça da Piedade e foi cofundador do MDB. Entre 1968/69 coordenou uma Página Literária no Jornal da Bahia, dirigido por João Falcão. Em setembro de 1968, participou das homenagens prestadas ao poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), durante sua visita a Salvador, onde realizou palestra na Faculdade de Filosofia da UFBA. Desde 1968 que o nome do sociólogo Fernando Batinga de Mendonça já fazia parte da lista dos órgãos de segurança nacional. Em maio do ano seguinte, prestou declarações no Quartel da 6ª Região Militar (Mouraria), em virtude de ter sido indiciado em Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado para apurar seu envolvimento em atividades políticas no meio estudantil. Poeta e militante comunista, pertencente aos quadros da VAR-Palmares, tinha o codinome de Patrício. 3

Após seu retorno do exílio, em 1979 participou no II Congresso Nacional pela Anistia, realizado em Salvador/BA. Em 1985 foi nomeado para o cargo de confiança em órgão do Poder Executivo. Dois anos depois, em setembro, foi dispensado da função de assessor do Ministro – Ministério da Previdência e Assistência Social.

Perseguido pela repressão militar é obrigado a pedir asilo político. E resolve deixar o país, juntamente com o também poeta José de Oliveira Falcón (1939-1971), que faleceu em 13 de maio na capital do Chile, Santiago. 4

Fuga

Residindo no Rio de Janeiro desde 1968, o casal, Rose e Fernando Batinga, no dia 23 de novembro de 1970, foram conhecer a famosa Ilha de Paquetá. 5 Tomaram a balsa na Praça Mauá e ao visitá-la, ficaram encantados com a beleza do casario do século XIX, que acabou se consolidando como paraíso bucólico. A Ilha entrou no circuito turístico por causa do romance de amor, A Moreninha, do médico Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882), publicado em 1844, obra que marca o início da ficção do romantismo brasileiro e tem grande sucesso ainda nos dias de hoje. Ao retornarem ao final do dia a sua residência, Batinga resolve passar na padaria onde permaneceu por algum tempo, enquanto que Rose, continuou o caminho, tinha pressa. Ao chegar em casa, é surpreendida com um telegrama procedente de Salvador. Ao lê-lo, ficou por alguns segundos paralisada com as duas palavras contidas nele: “procurar contato”. O contato (senha) era Waldir Pires (1926-2018).  Após uma ligação, Waldir aconselhou para que Batinga fugisse, pois a polícia havia invadido a casa de sua mãe (D. Maria de  Lourdes) em Salvador, à procura dele. Ao ser relatado do acontecido, (suma estão atrás de você) Fernando Batinga desapareceu no mesmo dia e Rose só foi encontrá-lo meses depois do ano seguinte, no Chile.

I Feira Baiana de Poesia

Em junho de 1968, Fernando Batinga organizou em Salvador, na Praça da Piedade – uma grande feira de literatura, poesia e música que durou uma semana, onde os artistas iam expor e vender suas obras. O local escolhido foi palco de quatro enforcamentos, de heróis da Revolta dos Búzios ou dos Alfaiates (1798): O soldado Lucas Dantas, o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos, o soldado Luís Gonzaga das Virgens e o mestre João de Deus Nascimento.

Na feira havia de tudo, inclusive um palanque para “shows”, declamação, debates e discursão. Qualquer pessoa do público podia subir e participar. Durante uma semana, a Praça da Piedade ficou repleta de pessoas oriunda de várias classes sociais, centenas puderam participar pela primeira vez de algo semelhante na cidade do Salvador. Fernando Batinga relembra com entusiasmo aqueles dias:

As pessoas podiam subir no palanque e participar. Eu vi operários que escreviam versos populares, que vinham de longe, para imprimir no nosso mimeografo. Violeiros e trovadores subiam e cantavam. Houve uma grande mobilização. 7

A realização desse evento, contou com o apoio da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, que também apoiava noutras iniciativas no gênero. Segundo Batinga:

Com o Ato Institucional nº 5, acabou-se tudo e as pessoas que estavam ligados a essas atividades – o próprio secretário de Educação Superior de Cultura, professor Luís Henrique – foram perseguidos. 8

Sem dúvida era uma época difícil, de endurecimento da força militar sobre a criação intelectual no país aterrorizada pelo CCC – Comando de Caça aos Comunistas.  É por essa época que Fernando Batinga, deixa de escrever poesia:

Eu estava em crise, achava que o que eu escrevia ia alterar nada, não adiantava ficar fazendo arte enquanto crianças morriam de fome. Então fiquei me sentindo impotente, formou-se uma confusão na minha cabeça na medida em que eu esperava que o que eu escrevia pudesse alterar o mundo. Mas eu estava vendo que as coisas estavam correndo para uma outra direção, apesar de todo o nosso esforço. 9

Exilado

Fernando Batinga de Mendonça no Chile – Foto: Reprodução

Exilado a partir de 1970, Fernando Batinga de Mendonça, vive oito anos fora do Brasil. Chegando ao Chile, Batinga se integrou ao grupo de estudantes brasileiros e não demorou a ser convidado para realizar palestras, sobre os mais variados temas brasileiros nas universidades: Universidade Nacional do Chile e a Universidade Católica. Publica na imprensa local vários artigos sobre literatura brasileira, além de trabalhar por algum tempo, num programa de governo local, responsável pelo planejamento, reforma e construção de casas populares. Segundo ele – sua permanência no Chile foi muito importante em matéria de relacionamento:

Lá eu conheci pessoalmente Pablo Neruda e Salvador Allende e, colaborando com os movimentos nacionalistas africanos fiquei amigo de Marcelino dos Santos, Vasco Cabral, Aristides Pereira e Agostinho Neto.

A ditadura militar chilena foi iniciada a partir do golpe militar realizado no país, no dia 11 de setembro de 1973, contra o então presidente Salvador Allende (1908-1973). O novo regime, liderado pelo general Augusto Pinochet (1915-2006) até 1990, caracterizou-se pela intensa repressão e censura e por causar a morte de mais de três mil pessoas, a tortura de aproximadamente 40 mil e o exílio de milhares de cidadãos chilenos.

Chile Pós-Allende

No Chile, Batinga teve que enfrentar outro problema que o deixava muito preocupado, o de proteger e cuidar da saúde mental do amigo José de Oliveira Falcón. Tomado à época por sucessivas crises nervosas, semelhantes às que tivera em Salvador, sentia-se muito assustado, pânico de perseguição e se negava ao regular tratamento hospitalar, isolou-se. Devido ao estado de fraqueza por não se alimentar, contraiu pneumonia. Quando conseguiram interná-lo, já era tarde, o quadro era irreversível. Segundo depoimento de sua irmã Yara Falcón, foi enterrado com uma túnica do poeta amazonense Thiago de Mello (1926-2022), o que ajuda explicar o estado de penúria em que vivia, num tugurio. 10

Com a morte do presidente do Chile, Salvador Allende em setembro de 1973, o poeta Fernando Batinga, esteve preso no campo de concentração no Estádio Nacional do Chile, por um período de trinta dias, onde presenciou todo aquele horror dantesco. Batinga foi liberado graças a interseção do Embaixador da Suécia no Chile, Gustav Harald Edelstan que salvou muitos prisioneiros daquela situação. Como o sociólogo brasileiro tinha publicado artigos e era correspondente da revista alemã Humbpldt, seu nome foi recomendado ao Embaixador, por esse motivo foi salvo pelo Gabinete alemão de Willy Brandt (1913-1992). Posteriormente, continua exercendo o magistério em instituições universitárias, passando pela Universidade de Frankfurt, na Alemanha Federal, além da Universidade de Lisboa.

Fernando é o primeiro exilado a retornar ao Brasil, antes da anistia. Chegou de viagem patrocinada e organizada pelo Alto Comissionada da ONU, com sede em Genebra e estava ciente que poderia ser preso. Assim que chegou a Salvador em 20 de julho, atendendo a intimação dos órgãos de segurança nacional, compareceu à delegacia baiana da Polícia Federal, em companhia de dois advogados, Adelmo (1934-2022) e Ronilda Noblat (1941-2008) 11 onde respondeu a mais de 100 perguntas sobre suas atividades e seus contatos no exterior. Em seguida concede várias entrevistas à imprensa baiana, principalmente aos jornais alternativos que tinham Sucursais em Salvador e ambos combatiam o regime militar: Movimento (21de agosto de 1978) e Em Tempo (14/20 de agosto de 1978).

Vejamos o que ele disse a um jornal carioca, sobre o seu retorno:

Um país que apresenta uma crise tão dramática como o Brasil não pode prescindir da colaboração de patriotas da mais alta qualificação técnica e humanística. Brasileiros nascemos, brasileiros iremos morrer. Ela pertence a todos nós. Por isso voltamos e muitos outros vão voltar, nos próximos meses. 12

Em suas entrevistas, Fernando Batinga de Mendonça relatava suas experiências como andarilho pela América Latina e Europa, sempre denunciando a ajuda prestada à polícia chilena por torturadores brasileiros. Insistia em classificar os vários exílios de acordo com os países em que passou. Cada um desses países tinha suas características específicar para o exilado. Foram muitas as entrevistas realizadas por Batinga nesse período, e ele corria o risco de ser preso e isso o assustava, porque não estava anistiado. Lembro-me que Adelmo Oliveira, responsável pela Sucursal (BA) do jornal Em Tempo, pautou uma entrevista com Fernando Batinga e passou o endereço – Boulevard América, nº 42 bairro Jardim Baiano para os jornalistas Linalva Maria e Emiliano José.

O Choque Cultural

Nesse mesmo mês ainda em Salvador, Fernando Batinga é entrevista pelo jornalista Reynivaldo Brito da revista Manchete, e o poeta revela suas observações pessoais, de recém-chegado a sua terra:

            Estivemos convivendo com outras sociedades e culturas e isso nos possibilitou uma vivência muito grande, que por certo estará refletida em nossa produção intelectual. É preciso saber que não estávamos lá a passeio e sim na condição de exilado, o que nos assegura outro plano de percepção das coisas. 13

Choque cultural é um conceito que caracteriza o fenômeno de estranhamento que ocorre entre duas culturas, sendo estas representadas por indivíduos ou por grupos sociais. Ou seja, é uma experiência que uma pessoa pode ter quando mudo para um ambiente cultural diferente do seu, é também a desorientação pessoal que uma pessoa pode sentir do vivenciar um modo de vida desconhecido.

Esse choque cultural não necessariamente é maléfico, mas pode gerar desconforto pela situação atípica. Na Entrevista do jornal Em Tempo, tinha uma pergunta sobre o seu enfrentamento no exílio, no que diz respeito ao choque cultural, respondendo de forma bem clara a sua experiência nessas culturas. Vejamos:

            O choque começou já na Argentina, um país muito mais maduro do ponto de vista do desenvolvimento capitalista, amadurecido desde o início deste século. Buenos Aire é uma cidade madura, grave e culta. No Chile, a primeira impressão, ao se chegar em Santiago, é a sua pobreza se comparada, por exemplo, com Buenos Aires. Santiago é mais provinciana. Mas a segunda impressão é que me marcou. Fui ver o povo do Chile, a classe operária em movimento. Ver as primeiras manifestações da Unidade Popular, ver 100, 300, 500 mil pessoas tomando as ruas. Pela primeira vez na vida a classe operária realmente mobilizada. Tinha muito exilado que chorava à vista dessa movimentação. Eu me lembro que fui a um ato político de solidariedade aos presos políticos paraguaios e não suportei. Chorei, chorei muito.

                No contraste, eu via a nossa pobreza em termos de consciência política e social. E enxergava as possibilidades enormes que tem um povo quando está mobilizado democraticamente em busca de objetivos claros. Democracia burguesa a do Chile, porque a burguesia detinha as alavancas do poder, mas essas liberdades burguesas não são desprezíveis, à medida que permitam a organização popular, em defesa de sua situação econômica e suas aspirações sociais. Quando eu vi o processo político chileno percebi que tudo o que tinha feito até então, em termos de método, estava errado. Eu podia concluir que nunca tinha havia manifestação de massa no Brasil. Compreendi que a libertação da classe operária tem de ser fruto de sua própria luta e não de alguns iluminados de fora. No Chile, as organizações populares eram tão fortes que muitas delas não foram destruídas nem por Pinochet, com os Centro de Mães ou Centros de Vizinhos. Aqui no Brasil a classe operária sempre esteve desorganizada, manipulada, dirigida por alguns corruptos, os pelegos. Nunca conhecemos democracia. 14

A Cura

Retornando ao Brasil em 1978, Fernando Batinga vai morar no Rio de Janeiro, primeiramente na residência do casal baiano Orlando e Conceição Sena, onde recebia seus amigos. Não sabemos qual a razão nem seu estado emocional naquele momento, que o levaria a deixar o convívio com o casal amigos, para viver numa comunidade ou num centro espiritualista, liderado por Jonas Resende (1935-2017) 15 místico poeta, professor, filósofo, sociólogo, pastor presbiteriano e apresentador de programas em alguns canais de TV, em São Paulo.

Desde da Europa, Batinga vinha sofrendo várias crises de dor de cabeça. Dores horríveis, insuportáveis e de causa indeterminada. Certa feita, saiu de Lisboa e foi até a Espanha realizar uma consulta médica com um especialista, que nada descobriu. Insinuou um câncer no nervo ético, porque as dores irradiavam até o olho.

Enquanto residia no Rio, foi tomado por uma nova crise que os médicos brasileiros também não conseguiam diagnosticá-la as consequências daquela enfermidade. Incentivado por algumas pessoas ligadas ele, aceitou o convite de ser consultado por um curandeiro espiritualista. Na verdade, ele já estava bastante influenciado pelo pastor Jonas Resende

Certa manhã seguiu do Rio para Ribeirão Preto-SP, onde Jonas Resende atendia e levou-o até o curandeiro, que após consultá-lo, disse: ter algo que deveria nascer e não nasceu. Recomendou que procurasse um serviço de radiologia, e indicou o local exato onde deveria ser feita a “radiografia”. Retornando ao Rio de Janeiro, Fernando procurou uma clínica particular e na radiografia foi localizado um dente incluso “queiro” que não nasceu e com o tempo se fixou no maxilar. Imediatamente foi marcada e realizada a intervenção cirúrgica na Santa Casa da Misericórdia, do Rio de Janeiro. Durante a intervenção cirúrgica e sua recuperação na Casa de Saúde, recebeu um atendimento muito afetuoso e humanitário da médica, Dra. Ruth Kelson, a princípio namorada e posteriormente companheira, com quem teve três filhos: Matheus, Pedro e Ana.

A partir desse encontro com o curandeiro, liberto das dores, Batinga intensifica suas incorporações nessas hastes espiritualistas e conheceu em Planaltina – Goiás, Neiva Chaves Zelaya (1925-1985), mais conhecida como Tia Neiva, médium clarividente fundadora do Vale do Amanhecer, doutrina espiritualista que agrupava elementos de várias religiões. O poeta troca Karl Marx (1818-1883) por Allan Kardec (1804-1869).

Complexo/Galilei

Posteriormente se estabelece em Brasília. Segundo ele, motivada por duas situações: uma delas é ligada diretamente à vida na cidade do Rio de Janeiro, que Fernando considerava a cidade mais violenta e decadente do planeta. O segundo motivo, foi o surgimento de uma nova perspectiva de trabalho e aceitou o convite para se incorporar ao projeto de expansão da Livraria Galilei, um complexo cultural com uma área de aproximadamente 500m², com papelaria, livraria, bar e música ambiental de boa qualidade.

Segundo registro da imprensa, o complexo Cultural foi inaugurado no dia 10 de setembro de 1980, às 20 horas, no Edifício Eldorado, Setor de Diversões Sul:

É a Galilei, que agora é formada por três livrarias e um bar, que poderá ser transformado, sempre que necessário, numa pequena sala de espetáculos, de conferências e lançamentos. Ainda, a Galilei está planejando a abertura da Livraria Curumim, destinada a ser o centro cultural das crianças de Brasília, nos próximos meses.

O complexo cultural compreende uma livraria especializada em Ciências Humanas e Literatura, outra destinada à venda de livros didáticos e papelaria e outra para a comercialização de livros técnicos. Além de livros, o público vai encontrar posters, gravuras e discos. O complexo conta ainda com o Varanda, um pub com música ambiente, decorado com troncos e plantas.

Segundo Fernando Batinga, um dos diretores da Livraria Galilei:

A ideia de se criar um complexo dessa natureza vem desde maio e ele transferiu-se para Brasília com esta finalidade. Batinga acredita que todo investimento na construção do complexo é uma boa iniciativa, especialmente pelo nível do serviço que pode prestar a comunidade, – Evidentemente que há riscos, mas eu acredito na nossa proposta, pelo nível da população de Brasília e pelas universidades. – Mas na opinião de Fernando Batinga a própria clientela formada pela Livraria Galilei já é um bom motivo para se acreditar no êxito do empreendimento. E o público tem provado que é realmente amigo, até mesmo ajudando na tarefa da inauguração.

(…) A ideia de fazer um bar deste tipo – continua ele – surgiu quando eu li a epigrafe do poeta Auden, que está no livro Bar Dom Juan, de Antônio Calado. Eu morava na Europa e passei a espiar todos os bares por onde andava, de Berlim a Londres. E aqui, quando surgiu a oportunidade eu agarrei com todas as forças. 16

A Galilei, pertenceu a vários expoentes da esquerda em Brasília, os primeiros donos foram um grupo de militantes do PCB, Jackson Pires, Caetano Augusto, além de Paulo Timm, do PDT, muito ligado a Brizola. No local onde funcionou a Livraria Galilei, em 2008, foi inaugurada um novo espaço cultural, a Biblioteca Salomão Malina, da Fundação Astrojildo Pereira.

Rio/Brasília

Aprovado em concurso público para Assessor Parlamentar, em 1986, Fernando Braga Batinga de Mendonça é nomeado assessor do Ministro da Previdência e Assistência Social, Waldir Pires e autor da proposta de implantação da Homeopatia, Acupuntura e Fitoterapia, na rede do INAMPS.

Em 15 de março de 1987, Waldir Pires era Governador do Estado da Bahia e Batinga juntamente com a família transfere-se para Salvador, onde pretendia implantar seu antigo projeto, da medicina alternativa na rede do IAPSEB. O inesperado aconteceu, Waldir Pires renuncia o governo em 14 de maio de 1989 e candidata-se a vice-presidente na chapa de Ulysses Guimarães (1916-1992) e recebe dos brasileiros apenas 4,4% de votos. E Fernando Batinga retorna a Brasília.

O poeta baiano faleceu em Brasília, a 19 de dezembro de 2019, vítima de depressão, que ainda vivia nele a ansiedade dos presos exilados, os conflitos de viver num país corroído pela desigualdade social, pela corrupção e pelo caos urbano. Infelizmente não pode continuar lutando com fibra e garra como nos primeiros anos da sua jornada, talvez tenha errado na dose, tinha pressa como os poetas Serguei Iessienin (1895-1925), Vladimir Maiakóvski (1893-1930) e Torquato Neto (1944-1972).

Seus últimos anos na capital federal, recluso sem amigos, inquieto, desconfiado de tudo, como bom observador tornou-se pintor compulsivo de temática surrealista. Estava sempre reavaliando nosso passado, mas vivia numa atmosfera densa de um nevoeiro que nunca se dissipou. Não suportou a angústia, suicidou-se aos 76 anos, e poucos aqui na Bahia souberam da sua triste partida. Eu soube meses depois, por intermédio de familiares.

Livros Publicados

Capa do livro Convocação da Palavra, de Fernando Batinga – Foto: Reprodução

O escritor Fernando Batinga de Mendonça, militava há muito tempo na política brasileira, e este seu posicionamento político sempre esteve presente em toda a sua obra, sem dúvida, o poeta abandonou a poesia muito cedo, nos deixando somente dois livros publicados, justificando essa renúncia, porque parou de escreve poesia:

Parei de escrever poesia porque as dificuldades que o poeta encontra são muito grandes para editar, para se comunicar. As editoras se recusam sistematicamente a publicar poesia. E a prosa na minha experiência pessoal, me permite dar mergulhos mais compridos, e tem uma eficácia maior. Eu tenho uma obra poética pronta, guardada. E não estou a fim de publicar, neste momento. 17

Convocação da Palavra, (poesia), apresentação Ildásio Tavares, Gráfica Santa Rita, 1966; foi lançado num fim de tarde muito concorrido, no Instituto de Estudos Califórnia, localizado na rua Chile, Edifício Bráulio Xavier. Canto de Amor e Guerra (poesia), 1968. Lucas Dantas, o violeiro, conta três histórias do cacau. Cordel sobre o estatuto do trabalhador rural e a luta dos assalariados da terra, 1968. Corpo da Morte, (novela) trata das crises do autor, suas reflexões e mudanças. O livro traduzido para o castelhano, seria publicado no Chile, no momento em que houve o golpe que derrubou o presidente Salvador Allende. Depois foi parcialmente publicado na Alemanha. Numa entrevista no Rio de Janeiro em 1979, Fernando Batinga fala sobre um livro que estava pronto para lançamento, pela Livraria Livramento, intitulado Romanceiro da Pedra, (poesia) um trabalho escrito a partir do carbonato e do diamante, nas Lavras Diamantina, na Bahia, nos fins do século XIX. 18

Capa do livro Sussurros no Subsolo, de Fernando Batinga – Foto: Reprodução

Na Europa Losetuca Dritte Welt. RFA, 1974; Viagem ao mundalucinado. Lisboa, 1979; Animais Caçados Contai (depoimento), Avenir Editora, 1978; Poranduba (romance), Editora Ática, 1978; Memórias do exílio. Lisboa e Sussurros no Subsolo (o globo iluminado), Brasília, Thesaurus Editora, 127 páginas, 2006. Vejamos alguns comentários:

Poranduba. Escrito no exílio em Lisboa Poranduba (a cantiga do guerreiro no entardecer do carumim), publicado pela Editora Ática, coleção Autores Brasileiros, 205 páginas, 1979, teve lançamento no Rio de Janeiro em novembro, na Livraria Muro – Ipanema.

Capa do livro Poranduba, de Fernando Batinga – Foto: Reprodução

            É um romance que busca a identidade brasileira, num mergulho que vai das raízes militares do Brasil – a Insula de Bracir, referendada pelos cartógrafos da Idade Média, passando pelas diversas etapas da formação da nossa sociedade, culminando com o regresso imaginatório de um exilado à procura da terra natal, diz o romancista Fernando Batinga de Mendonça. Constituído por vários blocos, cada qual com sua linguagem e os seus personagens, em uma das partes do livro, esclarece Batinga: séculos mais tarde encontramos uma prisioneira judia deportada, num barco fantástico, rumo ao campo de concentração nazista, onde morrerá.

                Analisando o livro, a professora da PUC/RS, Célia Pedrosa, Encontro com a Civilização Brasileira. Rio, nº 23, maio, 1980, afirma que:  

Fernando Batinga cria em seu texto o jogo de intertextualidades que desmonta a continuidade positiva e reconstrói a sua e a nossa história, revelando a História como interação de discursos heterogêneos e descontínuos, retirando o poder único de um discurso doador de verdade e plenitude tanto na narrativa quanto na vida.

Nesse livro o autor aborda muitos aspectos da História do Brasil, desde à época anterior ao descobrimento, procurando registrar uma faceta nova e sensível dos acontecimentos.

Memórias de Exílio – Brasil, obra coletiva, Editora Livramento, 370 páginas, 1979. Houve uma edição em Portugal, pela Editoria Arcádia, em 1976. Obra escrita por várias mãos, que apresenta, lado a lado, entrevistas, depoimentos, poemas, cartas e até um conto. Este projeto, coordenado por Pedro Celson, Uchôa Cavalcanti e Jovelino Ramos, pretendiam ampliar o projeto para três volumes, de textos dos exilados brasileiros espalhados pelo mundo: Uruguai, Bolívia, Peru, Chile, Panamá, Cuba, México, Guiana Francesa, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Bélgica, Noruega, Suécia, Tchecoslováquia, Alemanha, Dinamarca, revelam sobre suas experiências e de seus projetos. Depoentes: Abdias Nascimento, Anima de Carvalho, José Maria Rabelo, Márcio Moreira Alves, Herbert José de Souza, o Betinho, Magno José Vilela (frei dominicano), Leandro Konder, Artur José Poerner, Francisco Julião, Luiz Alberto Sena, Roberto Moreno, Fernando Batinga e outros.

Batinga colabora com uma carta dirigida a Paulo Freire, e neste texto é notório, bem como em outros manuscritos, entrevistas e dossiês disponíveis no livro, a necessidade fundamental da construção do conhecimento e reforço das relações sociais estabelecidas no exílio para a criação de uma sociedade mais ética, justa, humana e solidária, na luta pela liberdade e igualdade. 19

Segundo os organizadores, afirmaram na época que um outro volume estaria em fase de editoração para publicação, cujo tema seria o exílio da mulher brasileira, não encontramos indícios de ter sido publicado. Memórias de Exílio, é uma pequena amostra do universo de centenas de brasileiros que viveram fora do Brasil, por falta de liberdade.

Capa do livro A Outra banda da Mulher –
Foto: Reprodução

A Outra banda da Mulher. Rio de Janeiro, Editora Codecri, 222 páginas, 1982.

Deixando de lado a poesia e o romance como forma de expressão de suas ideias, o escritor Fernando Batinga de Mendonça, procura externá-las agora, por meio de um trabalho de cunho sociológico. O caminho escolhido foi inovador. Convidou oito mulheres “amigas” para falar de sua sexualidade. Suponho tudo acertado, ligou o gravador e fez as perguntas. O resultado reproduziu os diálogos nas páginas de um livro, complementando com alguns breves comentários sobre as relações entre a prática do sexo e a organização da sociedade.

Em encontros com mulheres que se dispunham a discutir o papel que uma mulher pode exercer na vida de outra, tanto no campo afetivo-sexual, como também na elaboração de uma saída para a milenar opressão de relação heterossexual. Ou seja, os papeis opressores nas relações hétero e homossexuais e a relação amorosa das mulheres entre si, são os temas centrais do livro de Fernando Batinga.

A ideia de escrever sobre alguns aspectos da sexualidade em nossos dias, foi nascendo aos poucos, explica o escritor – que a partir de discussões entre ele e diversas amigas:

Este livro – diz Fernando – que esteve disputado por várias editoras brasileiras, será lançado nacionalmente pela Codecri. Este trabalho não tem similar na bibliografia consultada por muitos especialistas. Numa de suas partes eu faço uma crítica contundente ao lesbianismo político do Relatório Hite. Enfim, – acrescenta Batinga – meu livro é contra os machistas, os reacionários sexuais e a sua hipocrisia, a coisificação sexual das pessoas e a violência e a opressão nos papeis sexuais. 20

Animais Caçados, Contais – os anos de medo, aborda reminiscências políticas e da vida cotidiana na Bahia, nos anos 50 e 60. Publicado em 1978 pela Avenir Editora, criada por Oscar Niemeyer, faz parte do volume 16, da coleção Depoimentos. O livro é encerrado com uma reflexão sobre a violência política ocorrida nos anos de chumbo, um canto de amor aos que caíram na luta contra a tirania. Entrevistado pelo jornalista Héris Telles Ferreira da Tribuna da Imprensa, fala o autor:

É um livro de reminiscência, relembro certas coisas da infância e depois da adolescência, na Bahia – isto na primeira parte do livro. Depois do Golpe de Estado em 1964 começa o que eu chamo de anos de medo. A partir daí as coisas mudam, a gente passa a ser assim, meio clandestino. Os constitucionalistas de ontem foram transformados rapidamente em ilegais e perseguidos. Houve, então, uma grande subversão da ordem. Esta segunda parte falo do medo, do terror, não como sentimento, como sensação ao nível da psicologia, mas como instrumento de dominação política, e de controle psicossocial. Mostra os diversos tipos de medo e terror utilizados pelo regime para controlar e amedrontar a população. A parte final é um libelo de denúncia contra as atrocidades cometidas pelo regime e um canto de amor por aqueles que caíram e que resistiram na luta pela democracia no Brasil. 21

Participação em Antologias

Capa do livro Breve Romanceiro de Natal, de Fernando Batinga – Foto: Reprodução

Fernando Batinga de Mendonça tem trabalhos publicados em várias revistas e suplementos Literários: além de participação em antologias: Moderna Poesia Bahiana, Rio de Janeiro, Ed. Tempo Brasileiro, seleção de 15 poetas realizada pelo professor Leodegário A. Azevedo Filho, abas de Eduardo Portella prefácio de Walmir Ayala, (1967). Participa com nove poemas. Vejamos o que diz este último:

Inteligente buril de verso curto, ciência da expressão. O sofrimento do desajuste humano colocado em graves traços, sem qualquer arroubo. Seu ponto alto: Dois momentos da infância.

A década de 60 na Bahia é um momento reivindicatório, de insurreição, de estudantes nas ruas clamando por justiças, de militares saindo dos quartéis para as ruas, de prisões, torturas, mortes e exílio. O surgimento de uma nova geração aflita e atenta, despontando nas artes, música, festivais, literatura, cinema, por fim a descoberta da identidade cultural. Nos anos 60 a modernização dos vales para ampliar avenidas, implantação de novos cursos na Universidade Federal. A Bahia deu a essa geração de poetas régua e compasso: ela canta de dentro para fora de fora pra dentro as canções de Caymmi e Assis Valente. Continuará assim com a chegada dos Tropicalistas Caetano e Gil, desde sempre. A antologia da Moderna Poesia Baiana é o seu testemunho inquieto, para os que virão.

25 Poetas da Bahia – 1663-1968, org. por Humberto Fialho Guedes, Salvador, Departamento da Educação Superior da Cultura – DESC, 1968, é como se intitula este trabalho de extraordinário bom-gosto gráfico, páginas largas, encorpadas, de um branco luminoso, gravuras de Calasans Neto, Emanoel Araújo, Lênio Braga, Sônia Castro e Gley (200 exemplares). A publicação, considerada como o melhor lançamento do Governo Luiz Viana Filho, tendo como finalidade principal, apresentar a poesia baiana de sempre, no que ela tem de representativo. Um bom livro, destinado a mostrar ao Brasil o que a Bahia tem em poesia e seu lançamento, ocorreu no Teatro Castro Alves, na Noite da Poesia em dezembro de 1968.

Breve Romanceiro do Natal (org. Carlos Cunha e Cid Seixas), impresso na Gráfica Beneditina, (1972) uma coletânea de 15 poetas baianos, com ângulos de visão variados que vão desde o sentimento religioso até a pura experiência humanística do clima natalino de dezembro. Livro apresentado pelo Abade do Mosteiro Dom Timóteo Amoroso Anastásio, diz: “essa coletânea quer apresentar, na linguagem poética, um mundo de reações que o Natal é capaz de despertar nos homens”; Antologia de poetas da Bahia em alfabeto Braille (1976); A poesia baiana no século XX – Antologia, (org.) Assis Brasil. Rio de Janeiro /Imago/Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1999; A Paixão Premeditada, Simone Lopes Pontes Tavares (16 poetas selecionados). Rio de Janeiro/Imago Editora/ Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2000.

Algumas revistas: Cormoram y Delfin (revista Planetaria de Poesia), junho, nº 15, 1968, (Argentina), Revista da Bahia (1ª Fase), Imprensa Oficial da Bahia – IOB, Revista da Bahia,  publicação da Empresa Gráfica da Bahia, em sua 2ª fase (a partir do nº 8 – março, 1988) era dirigida pelo jornalista Othon Jambeiro; Serial, Hera,  Revista Brasileira de língua e literatura, nº 6, 1980, Exu, Fundação Casa de Jorge Amado, (1987-1997) dirigida por Claudius Portugal em seus 36 números. Na Europa tem poemas publicados nas revistas: Humboldt, Ed. De Hamburgo (Alemanha), 1970 e Colóquio/Letras (Portugal) nºs 25/1975 e 43/1978.

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NOTA

A reconstrução desses episódios foi possível, graças aos depoimentos de Rose Folli (esposa) e Ariel Fernando (filho), que acompanharam Fernando Batinga de Mendonça desde o Chile a Europa.

2 Brasil 1964-19?? – Memórias do Exílio. Org. Paulo Celson Uchôa Cavalcanti e Jovelino Ramos. Editora Livraria Livramento, 1978.

3 VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionário – Palmares).  Organização brasileira de extrema esquerda que participou da luta armada durante a ditadura militar (1964-1985), visando a derrubada do regime.

4 O poeta José Oliveira Falcón (1936-1971), publicou Canudos, Guerra Santa no Sertão. |Argentina, 1966. 2ª edição, Editora BDA, Salvador, 1996 e Sonata Urbana. (Apresentação de Fernando Batinga). Salvador, EGBA/Fundação Cultural do Estado, 1989.

5 A parir de 1975, com a fusão da Guanabara e do Rio de Janeiro, Paquetá passou a ser um bairro do município do Rio.

6 Em carta enviada do Chile para Rose, datada de 1º de dezembro, Fernando Batinga relata sua fuga a partir do Rio de Janeiro. Nesse mesmo dia ele se dirige a Estação Rodoviária e compra passagem para Porto Alegre. Em seguida vai de ônibus até o Uruguai e sem descansar embarca mais uma vez, em outra condução que o levaria até Santiago, finalizando a fuga de 9 dias, entre Brasil e Chile.

7 A cultura no Brasil está mergulhando no abismo (Entrevista). Héris Telles Ferreira. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 24 de junho de 1980.

8 Idem

9 Idem

10  Habitación miserable y pequeño.

11 Foi atuante destemida, na época da Ditadura Militar (1964-1985) e ficou conhecida por defender as causas de inúmeros pesos políticos (mais de 300), entre eles Theodomiro Romeiro dos Santos, o primeiro brasileiro sentenciado com a pena de morte.

12 A Luta Democrática. Rio de Janeiro, 22/23/24 de julho de 1978.

13 Manchete. Rio de Janeiro, dezembro de 1978.

14 Em Tempo. São Paulo, nº 24, 14/24 de agosto de 1978.

15 Pai da jovem atriz Lídia Brundi (1960).

16 Correio Braziliense. DF, 10 de setembro de 1980.

17. A cultura no Brasil está mergulhando no abismo (Entrevista). Héris Telles Ferreira. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 24 de junho de 1980.

18. Tribuna da Imprensa. Batinga, 11 anos depois. Rio de Janeiro, 31/março a 1º de abril de 1979.

19. O Exílio dos professores Brasileiros em Portugal e a Documentação da DOPS-PR. Ana Karine Braggio, Alexandre Felipe Fiuza. Ver. Portuguesa de Educação, Vol. 32, nº 1, 2019.

20. Correio Braziliense. DF (Entrevista) Batinga: um escritor busca a reintegração, Vânia Cristina.  17 de agosto de 1980.

21. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 24 de junho de 1980.