A poeta, professora, filósofa, romancista e contista mineira Adélia Prado é a vencedora do Prêmio Camões 2024, o mais importante da língua portuguesa. A reunião do júri aconteceu na manhã desta quarta-feira, de forma virtual. Os jurados foram o escritor e professor Deonisio da Silva (Brasil), o professor e pesquisador Ranieri Ribas (Brasil), o filósofo e crítico de arte poética Dionisio Bahule (Moçambique), o professor Francisco Noa (Moçambique), a professora Clara Crabbé Rocha (Portugal) e a professora Isabel Cristina Mateus (Portugal).

O valor da premiação é de 100 mil euros, um dos maiores valores do mundo entre os prêmios literários. A premiação é concedida por meio de subsídio da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) – entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) e do Governo de Portugal.

Segundo o júri, “Adélia Prado é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética. Herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo…”, Adélia Prado é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa”.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou a vitória da cultura brasileira com a conquista de Adélia Prado no Prêmio Camões 2024. Ela sublinhou a importância de reconhecer a obra de uma mulher brasileira, enfatizando que Prado não só eleva a literatura nacional, mas também representa a força e a criatividade das mulheres no cenário cultural. Menezes ressaltou que este prêmio é um tributo à rica tradição literária do Brasil e à capacidade das escritoras brasileiras de capturar a essência da nossa identidade cultural.

O presidente Fundação Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, comenta o resultado: “Adélia Prado vence o Prêmio Camões no ano da comemoração do quinto centenário do maior porta da língua portuguesa. Coincidência ou destino? Adélia não é apenas um dos maiores nomes da poesia do Brasil, mas de toda língua portuguesa, em todos os quadrantes da terra e da grande poesia. Uma poesia lírica e metafísica, amorosa e existencial, antiga e moderna. É a voz profunda de Divinópolis, que teve em Carlos Drummond de Andrade um de seu mais fervorosos leitores. Foi ele quem a descobriu para o Brasil, e hoje é o Brasil que se descobre dentro de sua obra”, afirma.

Sobre Adélia Prado

Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935. É licienciada em filosofia.Publicou os seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte. A sua estreia individual só aconteceu em 1975, quando remeteu para Carlos Drummond de Andrade os originais de seus novos poemas. Impressionado com a sua escrita, enviou os poemas para a Editora Imago. Publicado com o nome “Bagagem”, o livro de poemas chamou atenção da crítica pela originalidade e pelo estilo.

Em 1976, o livro foi lançado no Rio de Janeiro, com a presença de importantes personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de Sant’Anna, Clarice Lispector, entre outros. Em 1978 escreveu O Coração Disparado, com o qual conquistou o Prémio Jabuti de Literatura, conferido pela Câmara Brasileira do Livro. Nos dois anos seguintes, dedicou-se à prosa, com Solte os Cachorros em 1979 e Cacos para um Vitral em 1980. Volta à poesia em 1981, com Terra de Santa Cruz.

Recebeu da Câmara Brasileira do Livro, o Prémio Jabuti de Literatura, com o livro Coração Disparado, escrito em 1978.

Sobre o Prêmio Camões

O Prêmio Camões foi instituído pelos Governos do Brasil e de Portugal em 1988, com o objetivo de estreitar os laços culturais entre as nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e enriquecer o património literário e cultural da língua portuguesa. Com o nome do maior escritor da história da língua portuguesa – o poeta português Luís Vaz de Camões – o prêmio é atribuído aos autores, pelo conjunto da obra, que contribuíram para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.

O Ministério da Cultura português organiza a premiação pela parte portuguesa, cabendo à Fundação Biblioteca Nacional a organização pela parte brasileira. Em todas as edições do prêmio, o júri é composto por dois portugueses, dois brasileiros e dois representantes das demais nações da CPLP – Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe. O mandato para os jurados é de dois anos.

O diploma entregue aos laureados contém o nome de todos os países lusófonos e é assinado pelos chefes de estado do Brasil e de Portugal. Entre os 34 vencedores encontram-se autores de cinco países lusófonos (Brasil, Portugal, Moçambique, Angola e Cabo Verde). O premiado em 2023 foi o ensaísta, crítico literário, cronista e tradutor português João Barrento.

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Fonte: Ministério da Cultura 

Foto: Ministério da Cultura de Portugal