Jeová Santana (*)
Violentos
Desbocados
Aberrantes
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Sem educação
Sem cultura
A única sutura
É a da agressão
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Obscenos
Debochados
Raivosos
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Sem empatia
Sem humanidade
Tudo é no grito
Tudo é na maldade
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Uma bíblia na mão
O vazio na mente
Tudo é na bala
O ódio é semente
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Homofóbicos
Negacionistas
Intolerantes
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Cidadãos de bens
Patriotas de araque
A família ideal
É truque e traque
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Racistas
Fascistas
Demagogos
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Não passarão
Nem passarinho
Telhado de vidro
Coração de espinho
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Misóginos
Moralistas
Sem moral
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Para o povo
Pouco pirão
Para o mercado
O anel e a mão
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Caluniadores
Difamadores
Cicerones de belzebu
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Fabricantes do caos
E realidades paralelas
Amantes da ditadura,
Cuja “dissonância cognitiva”,
Deve ser desmontada
Com “categoria acadêmica”
(Ô glória!)
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Serviçais do capitalismo
Cúmplices do trabalho
Escravo
Intermitente
Precarizado
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Inimigos da oratória
Destituídos de retórica
Suínos chafurdados
Na lata de lixo da história
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Ratos de esgoto
Roedores ruinosos
Dos orçamentos
Demolidores da coisa pública
Monstros da desrazão
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Um toré
Uma novena
Um descarrego
Contra essa gente que envenena
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A Constituição
O Código Penal
O Código de Ética
Para enquadrar essa gente do mal
//
Um sarau
Um recital
Um jogral
Para escorraçar essa gente cara de pau
***
Barra Nova, 3.5.2025
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(*) É Mestre em Teoria Literária pela Unicamp, Doutor em Educação e Ciências Sociais pela PUC-SP, professor da Universidade de Alagoas, escritor e autor de diversos livros – Dentro da Casca (1993), A Ossatura (2002), Inventário de Ranhuras (2006), Poemas Passageiros (2011), entre outros títulos.
Foto: Arquivo Pessoal
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