O Ministério da Saúde divulgou na quinta-feira, 25, a lista dos municípios que irão receber a primeira remessa da vacina contra a dengue através do Sistema Único de Saúde (SUS). A Qdenga, primeira vacina contra a doença aprovada no Brasil para um público mais amplo, será aplicada a partir de fevereiro em 521 municípios.
Serão vacinadas primeiro as pessoas em regiões consideradas endêmicas para a doença, de acordo com os seguintes critérios: Cidades de grande porte, com mais de 100 mil habitantes, e com classificação de alta transmissão de dengue do tipo 2. Prioridade para municípios com maior número de casos em 2023 e 2024.
De acordo com Bruno Eduardo Silva de Araujo, doutor em Saúde Pública e professor do Centro Universitário Estácio de Sergipe, a escolha de algumas localidades pelo Ministério da Saúde se deu pela capacidade limitada de fabricação de doses, pois o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante na rede pública. Além do critério geográfico, há também a definição de faixa etária para aplicação da vacina.
“O público-alvo, em 2024, serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa. A vacina é indicada para pessoas de 4 a 60 anos e deve ser aplicada em duas doses com intervalo de 3 meses”, explica o especialista.
Alta de casos
O Ministério da Saúde estima que, no ano de 2024, cerca de 5 milhões de pessoas serão infectadas com o vírus da dengue, superando o recorde de 2015, quando houve aproximadamente 1,6 milhão de casos registrados.Ainda segundo Bruno Eduardo, alguns dos motivos por trás da previsão da epidemia para este ano são as mudanças climáticas causadas pelo fenômeno El Niño, o ressurgimento do sorotipo 3 e 4, e a redução no número de infecções pelo vírus Zika.
“As ondas de calor e chuvas intermitentes causadas pelo El Niño, favorecem a proliferação do mosquito transmissor do vírus da dengue, o Aedes aegypti. Isso explica a previsão de um cenário pior para as regiões centro-oeste e sudeste, mais atingidas pelo fenômeno climático”, explica o especialista. Bruno acrescenta ainda que o vírus da dengue é classificado em quatro sorotipos.
“O sorotipo 3 ressurge após 14 anos no Brasil e aumenta a possibilidade de mais casos pela baixa imunidade da população causada pela falta de contato. Além disso, acredita-se que a epidemia de Zika causou de certa forma um efeito protetor contra a dengue, por gerar uma resposta imune para as duas enfermidades. Assim, com a diminuição dos casos de Zika, esse efeito protetor se dissipou, o que vem causando aumento dos casos desde 2022”, destaca o professor.
Prevenção
Enquanto a vacina não chega para todas as regiões do país, os órgãos de saúde indicam que sejam reforçadas as medidas de proteção já conhecidas. Uma das formas de prevenção mais eficientes é o combate ao mosquito Aedes aegypti, através da eliminação e/ou controle de depósitos de água domiciliares e eliminação de lixo a céu aberto. Além disso, segundo Bruno, alguns métodos individuais podem ser utilizado, como o “uso de repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina e do uso de telas nas janelas para evitar a entrada dos mosquitos nos ambientes domiciliares”.O especialista reforça ainda que é importante lembrar que, em caso de sintomas da doença, é preciso evitar medicamentos que podem reduzir a capacidade coagulação como Dipirona e Ácido Acetilsalicílico (AAS), por conta da possibilidade de piora dos efeitos da dengue hemorrágica. Em caso de dúvidas sobre a dengue, a fonte oficial de informação é o site do Ministério da Saúde, no portal gov.br.
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Fonte: EstácioFoto Destaque: Agência Brasil
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