A emoção tomou conta de 120 internas do Presídio Feminino – Prefem -, em Nossa Senhora do Socorro, durante a 6ª Edição do Natal de Resgate, evento promovido no sábado, 9, e domingo, 10, pela Defensoria Pública do Estado de Sergipe, por meio do Núcleo de Execuções Penais. No rosto de cada mãe era visível o brilho nos olhos ao rever os filhos e demais familiares.

Realizado desde 2011, o projeto tem o objetivo de promover as relações afetivas que são rompidas quando a interna passa a cumprir pena no sistema carcerário, resgatando os laços afetivos com a família e promovendo um Natal de Resgate.

As internas puderam passar mais tempo com os filhos, maridos e pais em um momento de confraternização. Os abraços calorosos e emocionantes, sorrisos largos e carinhos da família fizeram com que elas se sentissem mais acolhidas, amadas e fortalecidas para enfrentar o futuro.

Durante a ação – que contou com a parceria de empresas privadas – foram distribuídos lanches, brinquedos para as crianças e brindes para os familiares. O grupo Trupe Cosquinhas animou a garotada com diversas brincadeiras.

Para o defensor público coordenador do Núcleo de Execuções Penais, Anderson Amorim Minas, o projeto busca fortalecer as relações das internas com seus familiares. “A pessoa que cumpre pena acaba tendo o contato com os familiares prejudicado. O Natal de Resgate é um evento anual que busca fortalecer essas relações, fornecendo às internas, aos seus filhos e demais parentes momentos de lazer e interação. Importante agradecer a direção do Prefem, aos colaboradores, a Trupe Cosquinhas e aos estagiários, inclusive aqueles que passaram pelo Núcleo de Execuções Penais e que estiveram conosco como voluntários”, destacou.

Mãe de oito filhos, Z. S., 50 anos, não vê a hora de conquistar sua liberdade e ficar perto da família. “Infelizmente cometi um erro ao vender drogas por desespero em ver meus filhos passando fome e não ter nada para dar. Acabei pagando pelo erro em ter que passar parte da minha vida aqui e ficar privada de acompanhar o crescimento e a vida deles. Fui catadora de reciclável, estava desempregada na época e vendo meus filhos com fome acabei fazendo isso, mas com fé em Deus assim que sair daqui irei mudar minha vida. Já tenho planos de vender churrasquinho no carrinho e futuramente montar um bar ou restaurante”, planeja.

“Poder ficar mais tempo com meus filhos é muito bom. Essas festas promovidas pela Defensoria Pública nos trazem alegria e esperança de um futuro melhor. Já passei por todas as provas, mas a pior é ficar longe dos meus filhos”, se emociona Z.S.

Com apenas 25 anos, T.S., largou o emprego e estudos para ficar perto do namorado, mas acabou pagando um preço alto pela sua escolha. “Trabalhava em um escritório de contabilidade na Bahia, mas me apaixonei por um homem que me envolveu no tráfico de drogas e larguei o emprego, estudos e minha família. Estava tão apaixonada pelo pai do meu filho na época que não conseguia ouvir os conselhos de minha mãe, pois só me interessava em ficar com ele. Infelizmente cometi um erro que custou minha liberdade e estou pagando por isso. Hoje ele está com outra e eu aqui cumprindo pena. Devemos pensar muito antes de nos envolvermos com pessoas erradas”, relatou arrependida.

Quanto ao momento de estar mais perto do filho, T.S., desabafa: “Poder abraçar meu filho, ficar mais perto e brincar com ele me deixa mais forte para suportar tudo que estou passando na minha vida. Agradeço à Defensoria Pública e ao presídio por esta oportunidade de poder ficar mais tempo com minha família”, disse emocionada.
Para G. K. A., 28 anos, o momento foi bom para rever o filho. “Oportunidades como essa nos enchem de emoção e alegria. Poder passar mais tempo com meu filho, que só tem um ano e nove meses, é muito importante para mim”, descreve.

Para a diretora do Prefem, Andrea Andrade, o projeto é importante para a reinserção social. “Dezembro é um mês que toda pessoa fica emotiva com a lembrança do natal que passava com a família. Esse momento se torna acolhedor e proporciona a essas mulheres a condição de poder dar o abraço na família, de relembrar cada momento que viveu no natal quando estavam fora do presídio. É bem verdade que na Lei de Execuções Penais a função social é a ressocialização e dentro desses princípios sociais esse projeto é de suma importância porque proporciona a reinserção social dessas mulheres. Nosso trabalho é fazer com que elas retornem para a vida social dentro de um processo de humanização e fazer com que ela pense no retorno à sociedade”, pontuou.

Parceiros
Casa da Baviera, Ita Bolos, Casa do Bolo, Casa Alemã, Leite de Rosas, Sergisucos, Tortelli Delicatessen, Maratá, Só Doces, Casa DiOliveira, Pingo Cosméticos, Pand`oro Delicatessen, Doce Lembrança Confeitaria e Bistrô e Senac.

Voluntários
Denise Santos Sobral, Silas Mangueira, Lana Fontes, Amabelle Cabral, Josefhe Barreto, Anna Larissa Pinto, Fernanda Bitencourt, Jaqueline Daltro, Guilherme Dantas, Joyce Luana da Silva, Ingrid Tatiane Gama e Elizandra Silva.

Fonte: Defensoria Pública do Estado de Sergipe

Foto: Divulgação / Defensoria Pública do Estado de Sergipe