GILFRANCISCO: jornalista, professor universitário, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Associação Sergipana de Imprensa – ASI, do Grupo Plena/CNPq/UFS e do CPCIR/CNPq/UFS. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail: gilfrancisco.santos@gmail.com

***

Ildásio (Marques) Tavares, baiano nascido na Fazenda São Carlos, às margens do Rio Gongogi, na região cacaueira, bacharel em Direito, licenciado, mestre e doutor em letras, professor adjunto de literatura portuguesa na UFBA, é poeta, ficcionista, dramaturgo e ensaísta. Publicou seus primeiros artigos, contos e poemas em jornais e revistas acadêmicas, locais, de outros estados e do exterior, tendo poemas seus traduzidos para várias línguas. Viveu alguns anos fora do Brasil, tendo sido professor visitante em universidades norte-americanas. Além de cinco livros de poesia e um romance publicados, participou de inúmeras antologias de poesia e contos, gênero que pratica com grande desenvoltura, e traduziu para o português, comentando-o, o romance As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift. Ainda é compositor e letrista de música popular, tendo sido pioneiro na música afro dos anos sessenta, introdutor que foi do ritmo Ijexá, com a música Ossain (Bamboxê) sucesso nacional e internacional, estourada na França e no Japão. Presentemente, aguarda a publicação de um romance, Rio, Capital do Sonho, e terminou o libreto de Lídia (Ópera Negra) para música do maestro Lindembergue Cardoso. Odes Brasileiras será seu próximo livro de poemas, numa linha pós-moderna.

                                               *****

O poeta Ildásio Tavares – Foto: Reprodução

I.

Qualquer estudo da literatura baiana não estaria completo sem que se dedicasse várias páginas a Ildásio Tavares, cuja obra dá efetivamente continuidade à boa tradição baiana

——————————–

[1] A Primeira Parte desse artigo, foi publicado na Tribuna da Bahia, Salvador, 7 de dezembro de 1987.

de poesia. A atividade cultura na Bahia de hoje caracteriza-se predominantemente por um clima de estagnação, decorrente de uma série de fatores que aqui não cabe discutir. O Governo do Estado e a Universidade Federal da Bahia, supostamente os grandes promotores da cultura, estão longe de cumprir seu verdadeiro papel.

Dentre desse quadro é que desponta a atuação de Ildásio Tavares, sempre um elemento catalizador da cultura da Bahia. Durante algum tempo, as manifestações oscilaram ao sabor de sua militância. Quando ele atuava, tínhamos coisas como antologias de poesia, antologias de contos, crítica militante, cursos, conferência, palestras, sempre provocando agitação, sempre movimentando a praça com o que mais de novo havia na seara da literatura.

Foto: Reprodução Capa do Livro Poetas da Bahia, de Ildásio Tavares

Como autor, por sua expressão poética corajosamente renovadora, sobretudo pela consciência artesanal e estética, Ildásio Tavares notabilizou-se por não ser desses poetas que dependem de uma inspiração que nem sempre chega; por ser um elaborador de microuniverso onde brilha a centelha de uma literatura eminentemente dramática. Impôs-se como um dos poetas mais destacados de seu tempo, porque soube encontrar o sentido último da realidade nos seus versos. E marcou com seu nome alguns dos momentos mais progressistas da literatura baiana.

A poesia dos melhores momentos de Ildásio Tavares é, como dissemos, dramática. Nela, uma interobjetividade alia-se a momentos de intersubjetividade e despersonalização para resultar numa poesia altamente imagética na linha das melhores realizações pós-modernas. A beleza e a força sugestiva de sua poesia coloca entre os melhores poetas contemporâneos do Brasil. Como também se destaca por sua inquietude de visão social que o faz engajar-se sem cair no panfleto; fazer poesia social de elevado nível e qualidade. Aliás, já se disse que a poesia de Ildásio Tavares é um perfeito reflexo da dramaticidade do embate social. Fazendo uma poesia densa e musical.

Cada um dos seus livros é apenas um painel de um grande quadro que cobre quase todas as áreas do território humano. Ildásio é um poeta que teve a coragem de abordar o político e, por isso, é interessado pela cidade, pelos homens, um protesto ou comunhão e pela vida no que tem de mais solar. É também o poeta do sentimento nacional, passado e contemporâneo da integração com a natureza e da experiência amorosa. Sua obra é de extraordinária beleza e força sugestiva, que se consolida entre os nossos grandes poetas modernos, ele é um dos poetas mais importante da atualidade, sua poesia se ilumina com vivacidade e sua linguagem torna-se cada vez mais atual.

Sete Cavalos

O Centauro, infeliz,

não pode ser apenas cavalo

tem a cabeça que pensa

e cascos para o ataque

infeliz

não pode ter

tranquilidade nos campos

correndo livre de um

crânio

que lhe pese,

que lhe guia

que lhe faz

ser meio humano,

responsável percentagem,

cinquenta certo por cento

dos desatinos do mundo.

Maduro e consciente de sua missão, Ildásio sabe, como poucos, articular temas, ideias e formas para a realização de sua obra, rigorosamente original e renovadora. Porque o poeta vive permanentemente reinventando sua poesia, em cada face e em cada fazer de sua obra. Mas sua inquietação é a mesma de sempre, pois seu percurso criador se abriu para a realidade, em que se insere a dimensão de preocupações sociais e políticas. Ildásio Tavares é um poeta que cultivou a arte como expressão máxima do seu ideal supremo, por isso não poderia ser um poeta de qualquer público, mas não deixou de ser um dos mais importantes e estimados. Pois nem todos os poetas baianos foram tão capazes de escrever nesse nível.

Embora intimamente ligado aos poetas da geração de 60, Ildásio foi também um espírito típico da geração seguinte, à qual se deve o primeiro balanço da moderna poesia baiana. Os anos mais fecundos e esperançados quando a literatura na Bahia sofria uma transformação tanto nas suas inspirações, como no processo da sua técnica, numa época de explosão e movimento, Ildásio Tavares viaja nesse vasto mundo de visões sublimes e sentimentos nobres. A superioridade de sua poesia, deriva da grandeza de sua alma de uma sensibilidade profunda, delicada e estranha, de uma imaginação poderosa e rica, ainda que fragmentária. Portanto, a qualidade que lhe importa para o novo campo da produção literária é penetrar nesse âmbito mágico onde as forças opostas se digladiam.

E a grande experiência das paixões, sutileza aguda de sua notável figura de sentidos, de impressões próprias juntam-se os talentos da percepção que se equilibra, com a observação interior. Para desviar os olhos atentos da sua fantasia e mergulhar na paisagem fecunda que amortalha seus dias, esse poeta consciente teve que inventar a vida para nela moldar o seu temperamento, até flutuar na contemplação e fazer da sua imaginação o centro do mundo para ser universalmente compreendido.

Infante

da florútero

emerso imerso em ar

e mundo

para um depois de

mimo e exigência

à essência

de se tornar

bom animal

A regra

se quer sucesso,

vai ter que reverter

(ou ser sobejo, escória)

até morrer.

Através de sua obra, ele se confessa várias vezes com ingenuidade e permanente candura, na busca de um diagnóstico da sua geração, que sucumbida pela crise do pensamento e da imaginação vive o trágico delírio de perseguida, uma juventude que trilha por novos caminhos.

Foto: Reprodução da Capa do Livro Imago, de Ildásio Tavares

O problema do conhecimento é o ponto de partida de todo o pensamento crítico e fundamentado por isso seu trabalho tem que se adaptar as condições normais do espírito humano, à natureza desse próprio conhecimento. Deste modo sua trajetória na Literatura Brasileira que cresce em profundidade é um grande oceano cósmico aberto a toda superfície indagadora. Tal qual os grandes poetas, Ildásio Tavares procura incessantemente erguer-se numa nova aurora, para o cosmo infinito onde o pensamento caminhará sem termo e sem descanso.

Esse poeta baiano guarda seu mistério num recanto, intimidade, cumpre um itinerário que compõe ardentemente livre e indomável, onde o texto se estende sobre regiões as mais complexas e inexprimíveis.

Obra

Foto: Reprodução da Capa do Livro A Arte de Traduzir,
de Ildásio Tavares

Para os que não o conhecem, Ildásio Tavares é um artesão da palavra, um viajante sonhador da ensolarada paisagem da Bahia, que o circunda desde o inicial aprendizado da vida. Como diria Jorge Amado “sempre no Mercado Modelo, ao lado de Camafeu de Oxossi dos tocadores de berimbau, dos sambistas e capoeiristas, dos improvisadores do povaréu”. Quem o encontra, receberá a dádiva generosa da sua amizade e em sua companhia estará salvo nos horizontes de sua alegria, na sua inquietação em viver todos os minutos como se a vida fosse lhe escapar das mãos. Ildásio, não escapou à legenda de poetas que nasceram na Velha e Triste Bahia, por isso, segue os invisíveis caminhos do vento, com a íntima e renovada ternura de amante.

Poemas, in Moderna Poesia Bahia, 1967; Somente um Canto, 1968; Conto in Doze Contistas da Bahia, 1969; Poema in Textos de Autores Bahianos, 1969; Conto in Quatro estórias do Mercado Modelo, 1970; Imago, 1972;  Poema in Breve Romanceiro de Natal, 1972; Vinicius de Moraes (ensaio), in Poetas do Modernismo, 1972; Ditado, 1974; Poema in Sete Cantares de Amigo, 1975; Poema in Antologia da Poesia Bahiana em Alfabeto Braille, 1976; O Canto do Homem Cotidiano, 1977; Poemas in Poesia Moderna da Região do Cacau, 1977;  Conto in Dezoito Contistas Baianos, 1978; Roda de Fogo, romance, 1980 e outros.

Foto: Reprodução Capa do Livro Roda de Fogo, de Ildásio Tavares

Alguns dos melhores poemas estão representados nesses livros, mas sua produção na verdade é bem maior do que se pensa, encontra-se espalhada em vários jornais e revistas do país e do exterior como: Chile, Argentina, Uruguai, Bulgária, Estados Unidos, Portugal etc. Sobre sua obra escreveram: Jorge Amado, Nélson Werneck Sodré, João Cabral de Mello Neto, Stela Leonardo, Ferreira de Castro, Oto Maria Carpeaux, Adonias Filho, Raimundo Carneiro, Juarez da Gama Batista, Lázaro Barreto, Fernando Namora, José Paulo Paes. No Texas, Fred Ellison; na Califórnia, William Megenney; na Alemanha Oriental, Erhard Engler (tradutor de Machado de Assis), na Argentina, Ariel Canzani; no México, Alonso Loya, entre outros.

Ressoneto

Neste momento, os homens mal despertos

se preparam para a guerra cotidiana,

levantam-se do leito, descobertos,

ou nus ou de cuecas ou pijamas.

Nada mais prosaico que estes gestos

que os poetas recusam-se a cantar,

lavar o rosto e escovar os dentes,

enquanto pensam na guerra a enfrentar.

As mulheres, deitadas ou de pé

recompõem suas máscaras noturnas

enquanto sonham em tomar café

Em Paris ou em Roma ou na Bahia,

xingando a noite que desfaz seus restos –

Nada mais salutar que o dia-a-dia.

============================================

II. Morre o poeta Ildásio Tavares

Ildásio Tavares – Foto: Reprodução

Por solicitação do editor-chefe do Caderno B (Variedades), da Tribuna da Bahia, Jolivaldo Freitas fui designado a escrever uma matéria de página sobre o poeta “Ildásio Tavares e a poesia da realidade”, publicada na edição de 7 de dezembro de 1987, ilustrada por seu amigo Caribé. A matéria tinha como enfoque a trajetória do poeta e seus novos projetos para a literatura baiana. Esta semana fui surpreendido com um e-mail, da professora e poeta baiana, Maria da Conceição Paranhos, que comunicava a morte do poeta irreverente.

Aos 70 anos, faleceu dia 31 de outubro de 2010, no Hospital Jorge Valente, em Salvador, onde estava internado desde o dia 27, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ildásio Marques Tavares natural da Fazenda São Carlos, hoje cidade de Gongogi, região do cacau da Bahia. Filho de Eduardo Tavares e de Hilda Marques Tavares, mora em Ubatã até os 4 anos e de lá muda-se para Feira de Santana onde permanece até os nove anos, quando fixa definitivamente residência em Salvador. Na cidade de Tomé de Souza conclui sua educação primária e secundária, ingressando aos 18 anos na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, onde exerce suas primeiras atividades literárias, publicando artigos, contos e poemas em revistas e jornais acadêmicos local, de outros estados e do exterior, tendo poemas seus traduzidos para várias línguas

Em 1969 conclui o curso de Letras Vernáculas e língua estrangeira na UFBA, seguindo carreira como professor de Literatura, tendo feito o Mestrado na Southern Illinois University, o Doutorado na UFRJ e um Pós-Doutorado na Universidade de Lisboa. Foi tradutor e professor de inglês e literatura americana durante 19 anos. Ildásio viveu alguns anos fora do Brasil tendo sido professor visitante em universidades norte-americanas.

Tendo participado de inúmeras antologias de poesia e contos, gênero que praticou com grande desenvoltura, pertenceu à geração da Revista da Bahia, juntamente com outros autores baianos, como Cyro de Mattos, Marcos Santarrita (sergipano), José Carlos Capinan, Fernando Batinga, Alberto Silva, Rui Espinheira Filho, Carlos Anísio Melhor, Nélson de Araújo (sergipano) entre outros. Publicou seu primeiro livro de poesia, “Somente um Canto”, em 1968 e continuou publicando livros de poesia e de prosa (romances, teatro e ensaios). Como compositor da música popular brasileira teve mais de 50 músicas gravados por Vinícius de Moraes, Maria Bethania, Maria Creuza, Alcione, Toquinho, Nelson Gonçalves, Antonio Carlos e Jocafre. Entre os seus parceiros estão Baden Powell, Vevé Calasans, Gerônimo, e Carlinhos cor das Águas.

Conhecido por seu humor fino e mordaz, Ildásio publicou 42 livros, sendo 15 de poesia. Vejamos alguns títulos:

Somente um Canto (1968)

Imago (1972)

Ditado  (1974)

O Canto do Homem Cotidiano (1977)

Poemas Seletos  (1977)

Tapete do Tempo (1980)

A Ninfa (1993)

Odes brasileiras (1998)

Nove sonetos da Inconfidência (1999)

Flores do Caos, sonetos (2008)

                                                           ***

Foto: Reprodução Capa do Livro Xangô, de Ildásio Tavares

Ao longo de sua trajetória, Ildásio Tavares recebeu uma série de prêmios e títulos por seu trabalho como tradutor, ensaísta e poeta. Foi o autor da ópera afro-brasileira “Lídia de Oxum”, com música do maestro Lindembergue Cardoso, levada às margens da Lagoa do Abaeté, em Salvador, para um público de cerca de 30 mil expectadores.

Salve as Folhas

Letra Ildásio Tavares – Música: Gerônimo

Intérprete: Maria Bethânia

Sem folha não tem sonho

Sem folha não tem vida

Sem folha não tem nada

Quem é você e o que faz por aqui

Eu guardo a luz das estrelas

A alma de cada folha

Sou aroni

Cosi euê

Cosi orixá

Euê ô

Euê ô orixá

Sem folha não tem sonho

Sem folha não tem festa

Sem folha não tem vida

Sem folha não tem nada

Eu guardo a luz das estrelas

A alma de cada folha

Sou aroni

Fortuna Crítica

Foto: Reprodução Capa do Livro O Canto do Homem Cotidiano, de Ildásio Tavares

Seus versos, que eu sei e percebo trabalhados minuciosamente, são, não obstante o seu apuro técnico, tão maravilhosamente simples, que parecem, em muitos casos, recolhidos de um cancioneiro popular. A sátira – excelente – é conduzida com maestria e imaginação e, realmente acho que você fez um belo e duradouro livro sobre a grande batalha do dia a dia. Como lhe disse pessoalmente, os beletristas não vão gostar, se bem que naturalmente, eu não esteja com isso querendo chamar todos os que não gostarem de beletristas.

João Ubaldo Ribeiro

Sobre o livro O Canto do Homem Cotidiano, 1977

                                                                       ***

Onde o poeta, com economia de palavras, disse tanto, não cabe ao prefaciador escrever demais. Em Ildásio Tavares, com Imago como com este Ditado, é fácil conhecer e compreender a alta qualidade do poeta. Em primeiro lugar, pelo domínio da arte poética, na linguagem de síntese que é sua essência. E ainda pela capacidade de, nessa linguagem, praticar aquilo que Brecht ensinou: as diferentes maneiras de dizer a verdade.

Nélson Werneck Sodré

Sobre o livro Ditado, 1974

***

Ildásio Tavares, poeta, contista, ensaísta, compositor, não é um estreante nem uma promessa, seu nome já se fez conhecido e transpôs os limites estaduais há bastante tempo. Por outro lado, sua presença no meio intelectual baiano é permanentemente catalítica: Ildásio está presente e atuante nos diversos setores da jovem cultura que ali nasce e se afirma – não se deve esquecer, para citar apenas um exemplo, sua ligação com a dupla de compositores Antônio Carlos e Jocafre, sendo co-autor, letrista de várias das composições dos moços de tanto sucesso.

Jorge Amado

Posfácio do livro Ditado, 1974

 ***

Num de seus versos, ele diz: “Há pedaços de minha vida em toda parte”. Neste papo, tentou-se recolher, através de sua palavra, esses instantes, pedaços de seu agora e do seu ontem. A infância sim, o menino a olhar para um catavento colorido, solto nas ruas de Feira de Santana, fantasiado de pierrô, lança-perfume à mão e nos olhos dos passantes, Rodouro do Brasil segundo era de bom tom. Já não se faz micaretas como antigamente. A trajetória do poeta, do letrista de música popular, do autor teatral, enfim do romancista. E do homem. Seu tempo de procuras e descobertas. Um olhar sobre o passado, um guardado gesto de rebeldia, uma reflexão: 1968 vai fazer 20 anos. Já não é tão jovem pra medir conseqüências. Mas abre o coração.

Guido Guerra

Entrevista

****

Foto: Reprodução Capa do Livro Odes Brasileiras, de Ildásio Tavares

Ildásio Tavares é um inventor, um catalisador de imagens, um mestre que faz com que a explosão poética nasça de seu ar de conversa e seu ar de silêncio, pois percebeu “de sol em sol, que a luz é fosca”. E vem esse êxtase, este levantar da palavra no redemoinho mágico dos períodos-versos, entre elos que estremecem. O percurso é o da fala descontraída, monologadora, para a linguagem. O que desencadeia esse elo explosivo ora é uma pergunta, ora uma resposta, ora uma centelha rodeada de coisas-infância, ora debruçar-se sobre a própria criação, ou certo pavio atiçado na pólvora da realidade.

Carlos Nejar

Sobre o livro Odes Brasileiras, 1998)