José Vieira da Cruz – Historiador, membro do IHGSE e professor da UFS
A passagem alusiva aos 203 anos da emancipação política de Sergipe tem suscitado muitas e diferentes lembranças, aprendizados e significados – tanto pessoais quanto no campo político, cultural e histórico. Em particular, a data coincide com os três anos do meu retorno ao Estado – após ter passado sete anos de aprendizados e de boas experiências junto à Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A data também, além de me estimular a leitura do que é publicado a respeito, motiva-me a revisitar um breve ensaio que escrevi sobre os significados acerca desse marco político (CRUZ, José Vieira da. A emancipação política de Sergipe: uma teia de significado históricos, Jornal da Cidade, 10/07/2008).
Já na esfera pública – digo no campo da política, cultura e história –, compreendo tanto como defendo que os significados do referido evento sejam discutidos e objeto das atenções de autoridades, pesquisadores(as) e, sobretudo, da população. A respeito, é inspirador observar o fervor da participação popular e a ampla repercussão das comemorações pela passagem do 2 de julho na Bahia – onde ocorre uma intensa simbiose e identificação em torno das celebrações pela independência da Bahia e, consequentemente, do Brasil. Lá, portanto, a referida efeméride desperta a atenção de todos(as).
Em Sergipe, por sua vez, temos um caminho a percorrer na construção dessa importante simbiose – na qual a sociedade a partir da compreensão de seu passado pode compreender melhor seu presente histórico e repensar suas expectativas de futuro. Nesse sentido, vejo como positivo a participação de colegas da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e/ou do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), em eventos oficiais organizados para discutir o assunto, bem como, escrevendo e/ou participando de entrevistas/reportagens em jornais impressos, rádios e TVs, e, é claro, postando textos, imagens e comentários nas redes sociais.
Eles, ao dedicarem parte de suas expertises e tempo ao assunto, têm colaborado com o exercício de (re)pensar, (re)significar e valorizar a emancipação de Sergipe e, como tal, dos sergipanos e dos que abraçam essa terra e seu povo. Cada um do seu jeito, do jeito sergipano de fazer as coisas, contribuindo para alargar a compreensão da emancipação política do Estado. Dentre esses colegas, destaco os\às professores(as) Terezinha Oliva, Maria Nely, Edna Maria Matos Antônio, Samuel Albuquerque, Luiz Antônio Pinto Cruz e Saumíneo Nascimento, entre outros.
Acrescento a esses registros a publicação junto à imprensa de três artigos assinados respectivamente pelos chefes do Executivo estadual, governador Fábio Mitidieri; do Legislativo, deputado estadual Jeferson Andrade; e do Judiciário, desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima. A iniciativa, independente de eventuais críticas, merece ser enfatizada. Afinal, ainda que de modo breve, eles, em conformidade com suas experiências formativas e horizontes de expectativas, chancelaram deferências a Emancipação do Estado e, sobretudo, transmitem a importância dos seus significados para os sergipanos e os que aqui residem.
Entretanto, ressalvadas as contribuições desses(as) pesquisadores(as) e autoridades, a data precisa ser abraçada, vivenciada e significada pela sociedade. Esse é um desafio para todos(as) que desejam contribuir com o desenvolvimento autossustentável do Estado e o fortalecimento da identidade cultural e da autoestima de seu povo. No momento celebramos os 203 anos e alimentamos as expectativas pelas futuras comemorações.
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