Apesar de ter chances de cura muito altas, o câncer infantojuvenil é difícil de ser diagnosticado, porque seus sinais e sintomas podem ser confundidos com outras doenças próprias da infância. Em Sergipe, a estimativa é de 100 novos casos por ano, e, assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, conforme alerta o oncologista pediátrico Venâncio Gumes.

O especialista, que integra a equipe da Clínica Onco Hematos / Rede AMO de Assistência Multidisciplinar em Oncologia, lembra que 23 deste mês é o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil. “É uma data que serve de alerta para conscientizar toda a sociedade sergipana sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dos cânceres pediátricos.”

Em 2017, a estimativa feita pelo Ministério da Saúde (MS) era que acorreriam cerca de 12 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil, número que representa cerca de 3% de todos os casos novos de câncer no Brasil (INCa).

“A arma mais importante para o diagnóstico precoce é o acompanhamento pediátrico rotineiro das crianças. O exame de rotina em pediatria, chamado de puericultura, e o acompanhamento do pediatra, serve para promover a saúde das crianças, mesmo quando não estão aparentemente doentes. As que fazem o acompanhamento correto, têm mais chances de identificação de algum sinal ou sintoma característico do câncer infantojuvenil”, informa Dr. Venâncio, lamenta que “infelizmente, ainda chegam aos serviços especializados em todo o Brasil, crianças acometidas pela doença já em estágios avançados”.

Sintomas

De acordo com o oncologista pediátrico, uma febre prolongada sem nenhuma causa aparente com mais de *oito* dias de duração é um dos sintomas que a criança ou adolescentes por estar com algum tipo de câncer. “Caroço com massa pelo corpo; mancha pelo corpo que mude seu aspecto ou mancha roxa sem sinal aparente de trauma; dor de cabeça sem causa aparente, principalmente no período da manhã e com acompanhamento de vômitos; perda significativa de peso (cerca de 10%); aumento do volume abdominal; reflexo branco nas pupilas (olho de gato); palidez (anemia) inexplicável com ou sem dores nos ossos; pneumonia persistente e de difícil controle e dificuldade de engolir alimentos estão entre os sintomas suspeitos”.

A doença

O câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais, característica que confere uma melhor resposta dos cânceres pediátricos ao tratamento e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as Leucemias (que afeta os glóbulos brancos), seguido dos Tumores do Sistema Nervoso Central e Linfomas (sistema linfático).

Também acometem as crianças o Neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), Tumor de Wilms (tipo de tumor renal), Retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), Hepatoblastoma (tumor no fígado), Tumor de Células Germinativas (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), Osteossarcoma (tumor ósseo) e Sarcomas (tumores de partes moles).

Tratamento

O câncer infantojuvenil tem uma característica um pouco diferente do câncer em adultos e isso faz com que tenha uma melhor resposta às opções de tratamento, como quimioterapia, cirurgia e radioterapia. “Por conta disso, o diagnóstico precoce é o grande objetivo da atenção à criança ou adolescente com câncer. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais rápido será o tratamento, com menos drogas, menos riscos, menos sequelas e melhor qualidade de vida”, destaca Dr. Venâncio Gumes.

Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Houve um declínio de mais de 40% na mortalidade desde as décadas de 70/80. “Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento”, finaliza o especialista.

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Fonte: Ascom

Foto: Ascom