O Brasil, que já foi referência internacional no combate à fome ao adotar políticas públicas de erradicação da pobreza e da miséria, implementadas entre 2004 e 2013, que reduziram a fome para menos da metade do índice inicial – de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros –, hoje vive um momento difícil e sombrio, onde 33,1 milhões de pessoas não têm acesso a alimentos.

Essa realidade alarmante chamou a atenção do deputado estadual Iran Barbosa, do Psol, que levou para a tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe – Alese –, na manhã desta quinta-feira, dia 9, dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) divulgados no último dia 8.

“São dados que vêm sendo bastante divulgados na imprensa, desde ontem, e que precisam ser aprofundados, porque apontam que a fome voltou a ser um problema muito grave em nosso país, especialmente no Norte e no Nordeste. E isso nós não podemos aceitar passivamente. É possível enfrentar o flagelo da fome e o Brasil já provou isso e mostrou como se faz”, afirmou o parlamentar, lembrando do período entre 2004 e 2013, quando o país conseguiu sair do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas – ONU  –, em 2014, um marco mundialmente reconhecido no caminho para a promoção do direito humano à alimentação.

Iran relatou que, no final de 2020, a fome já havia retornado aos patamares de 2004 e que, em 2022, o país saltou de 9% para 15,5% de domicílios com moradores passando fome, o que equivale a 33,1 milhões de brasileiros; com cerca de 60% das famílias – 125,2 milhões de brasileiros – convivendo com alguma insegurança alimentar.

“Mas essa insegurança alimentar atinge o país de forma desigual. O Norte e o Nordeste continuam sendo as regiões mais afetadas pela fome; que também tem cor, porque 65% dos lares brasileiros comandados por pessoas negras convivem com restrição de alimentos em qualquer nível”, apontou o deputado.

Iran também destacou que, em relação ao gênero, nas casas em que a mulher é a pessoa de referência, a fome passou de 11,2% para 19,3%; já nos lares que têm homens como responsáveis, a fome também cresceu, mas em menor índice, passando de 7,0% para 11,9%.

“O problema da fome no Brasil não é pela falta de alimentos. Aliás, as notícias dão conta de safras recordes para este ano. O problema real é a má distribuição de renda e de alimentos, e nós temos que denunciar isso e exigir políticas públicas que ataquem essa situação”, constatou o parlamentar.

Para chegar aos resultados deste ano, os pesquisadores da Rede Penssan entrevistaram pessoas de 12.745 domicílios, distribuídos em áreas urbanas e rurais de 577 municípios das 27 unidades da federação, entre novembro de 2021 e abril de 2022. Os critérios adotados pelo levantamento (que pode ser acessado aqui) tiveram como base a Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), que é também utilizada pelo IBGE.

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Fonte: Assessoria Parlamentar

Foto: Jadilson Simões / Alese