Nesta quarta-feira, 18, às 17h, no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe – UFS –, o jornalista, historiador e escritor, Gilberto Francisco Santos, conhecido como GILFRANCISCO, receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Sergipe em reconhecimento a sua trajetória e produção cultural, bem como pela sua relevante contribuição à pesquisa, produção jornalística e historiografia documental.
Vale salientar que a concessão do título foi aprovada pelo Conselho Universitário – Consu – da UFS, por meio da Resolução 31/2021. Entre as justificativas para a aprovação estava a grande contribuição dada por GILFRANCISCO como escritor, pesquisador, com extensa produção jornalística e literária, com artigos publicados em jornais, revistas e periódicos, livros publicados e banco de dados privado, com atividade de pesquisa de cunho biográfico, documental e bibliográfico de personalidades sociais, políticas e culturais de Sergipe e da Bahia.
Para GILFRANCISCO receber da Universidade Federal de Sergipe o título de Doutor Honoris Causa é uma satisfação e uma grande honra. “Agradeço a UFS, na pessoa do reitor o Professor Dr. Joviniano de Santana Filho, através do qual eu saúdo todos os demais representantes dessa ilustre e notável instituição de ensino superior”, afirmou.
Depoimentos
Para o jornalista e escritor, Luiz Eduardo Costa, é “Merecidissima homenagem. GILFRANCISCO é hoje um dos que substituem o valoroso Luiz Antônio Barreto, no remexer dos baús da nossa História, e, nisso, valorizando os grandes vultos que a fizeram, e indo às raízes da evolução da nossa gente. A UFS, o magnífico Reitor, professor Joviniano e todo o corpo dirigente, estão de parabéns pelo título conferido a GILFRANCISCO”.
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O jornalista, escritor, Doutor pela USP e Professor Titular aposentado da Universidade Federal da Bahia. Editor do site Linguagens, Cid Seixas, em artigo publicado em dezembro de 2021, intitulado Doutor Gilberto Francisco, o popular GILFRANCISCO, destaca a importância do trabalho de pesquisa realizado pelo amigo GILFRANCISCO.
“A vida cultural dos estados da Bahia e de Sergipe, ainda hoje, está umbilicalmente ligada, como se formássemos uma só unidade da federação, que poderia ser chamada de BASE. Muitas personalidades culturais da Bahia são, na verdade, sergipanos natos, a exemplo do José Calazans, autoridade nacionalmente referenciada pelos estudos sobre a Guerra de Canudos, e Nelson Araújo, outro importante estudioso que veio de Sergipe para enriquecer a seara dos estudos da história do teatro, das manifestações populares e também do mundo clássico greco-romano.
Coincidentemente, estes dois mestres sergipanos – que se tornaram referências capitais no contexto acadêmico e intelectual da Bahia – foram responsáveis pela iniciação de um jovem estudante de Salvador que fez um percurso de retorno às terras de Sergipe Del Rey. Vejamos então a trajetória desta figura multifacetada que traz na sua bagagem a herança de dois admirados intelectuais sergipanos.
O jornalista, pesquisador e professor GILFRANCISCO, ilustre cidadão sergipano nascido na Bahia, está prestes a completar 70 anos de idade. No que pesem as muitas libras e arrobas temporais de anos vividos, ele continua arguto e produtivo. José Calasans e Nelson Araújo, infelizmente, não viveram mais tempo para testemunhar como os seus trabalhos de pioneiros retornaram à sua sempre lembrada terra natal, através do discípulo baiano – que a exemplo dos dois mestres também se vê sergipano.
Neste ano de 2021, a Universidade Federal de Sergipe, importante instituição cultural sediada no Estado, conferiu a GILFRANCISCO a sua mais expressiva e elevada distinção acadêmica, o título de Doutor Honoris Causa”.
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O Professor Dr. do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe – UFS –, Antônio Fernando de Araújo Sá, também ressaltou no artigo GILBERTO FRANCISCO DOS SANTOS (GILFRANCISCO): Contribuições para a história cultural em Sergipe, a relevância das pesquisas de GILFRANCISCO para o Estado de Sergipe.
“Escrita à margem da universidade, o jornalista Gilfrancisco tem contribuído, significativamente, para o avanço da pesquisa da história cultural em Sergipe, recuperando práticas e representações forjadas por escritores, movimentos intelectuais e instituições culturais.
Ao ser convidado a prefaciar um dos seus últimos livros, uma compilação de notícias do bando de Lampião, durante os anos 1930, no Diário Oficial de Sergipe, travei contato com um pesquisador que vai às fontes históricas nos arquivos públicos e privados, publicando textos de outros autores ao lado de uma documentação, que, no mais das vezes, ficaria restrita à “crítica roedora dos ratos de bibliotecas”.
Incansável pesquisador, Gilfrancisco pode ser considerado como um arquivo vivo, como certa vez disse o professor Gildeci de Oliveira Leite, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Sua trajetória intelectual aproxima-se dos pesquisadores José Calasans e Nelson Araújo, sergipanos que se destacaram no cenário intelectual baiano, só que ele fez o caminho inverso, tornando-se uma referência para a história cultural de Sergipe mesmo baiano.
Com um extenso acervo de documentos históricos e bibliográficos, o pesquisador recebe, com presteza, a todos os que precisam compulsar a extensa documentação depositada em seu apartamento. São inúmeras as menções de agradecimento nos programas de pós-graduação de Sergipe e Bahia a esse pesquisador infatigável. Sua generosidade em atender telefonemas para dirimir dúvidas já foram registradas por professores e estudantes.
Dentre os inúmeros temas a que se debruçou, posso destacar seu profundo conhecimento sobre a obra de Alina Paim, romancista sergipana que militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e conviveu com escritores de renome como Jorge Amado e Graciliano Ramos. O saber construído nos arquivos e bibliotecas, além de entrevistas com os personagens próximos da escritora, foi fundamental para a confecção da dissertação de mestrado, no Programa de Pós-Graduação em Letras, de Ninacilra de Lemos Sampaio, e de monografia no Departamento de História, realizada por Samah de Oliveira Santos, da Universidade Federal de Sergipe, sob minha orientação.
Chegando próximo aos setenta anos, a intensa produção de livros nos últimos anos indica maturidade intelectual, marcada pela diversidade temática, como podemos observar, entre outros, nos trabalhos sobre o historiador e geógrafo Bernardino José de Souza (2019), a imprensa estudantil (2019) e Lampião no Diário Oficial (2021).
Em tempos bicudos de globalização e desterritorialização, a defesa e divulgação da cultura regional para a formação da consciência histórica e identitária das novas gerações são fundamentais para a visão crítica do contexto social em que estamos imersos. Sem o menor favor, afirmo que as obras de Gilfrancisco sobre a história cultural sergipana têm, efetivamente, colaborado e muito para essa empreitada”.
Outros condecorados
O título de Doutor Honoris Causa da UFS já foi entregue ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu a condecoração no Campus Universitário Professor Antônio Garcia Filho, em Lagarto, no dia 21 de agosto de 2017.
Mais recentemente, em 20 de novembro de 2021, José Severo dos Santos, mais conhecido como Severo D’Acelino, fundador do movimento negro em Sergipe, Bahia e Alagoas, ativista dos direitos humanos, poeta, dramaturgo, diretor teatral, coreógrafo, ator e pesquisador das culturas afro e indígena de Sergipe também recebeu da UFS o título de Doutor Honoris Causa”, por sua atuação na luta antirracista.
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Foto: Ascom Segrase
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