Você já sentiu aquela queimação no estômago que vai e volta por horas durante o dia? Este pode ser um dos sintomas da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), muito comum entre os brasileiros e na população mundial, causada, na maioria das vezes, por uma hérnia de hiato, quando a válvula do estômago fica folgada. Existem outros fatores que podem levar a à doença que, se não tratada corretamente, pode desencadear outras patologias e em casos mais extremos até o desenvolvimento do câncer.

A Doença do Refluxo Gastroesofágico pode ser patológica ou fisiológica. Ter refluxo não quer dizer que a pessoa esteja com a doença, pois é comum o ser humano ter um refluxo, desde bebê. Com a evolução, a válvula antirrefluxo, que é o hiato esofágico, que tem o papel de evitar que o ácido volte do estômago até o esôfago, chegando até a boca e até o pulmão, dependendo da gravidade, fica frouxa e permite a subida do ácido. Ao refluir, o ácido queima a mucosa do esôfago que não é adequada, como a do estômago.

Segundo o médico gastroenterologista especialista em cirurgia do aparelho digestivo, Dr. Jonas Leomarques dos Santos, é importante as pessoas ficarem atentas aos sinais. “É a dor epigástrica, bem no meio do peito, aquela dor que sentimos quando estamos com fome, aquele aperto na barriga quando ficamos ansiosos, isso porque contrai o estômago e faz refluir ácido, após consumir álcool, café, comidas gordurosas, tudo isso são fatores do refluxo”, disse.

Para detectar os sinais e descobrir a gravidade do refluxo, existe um exame que mede cada episódio sentido durante o dia a dia e que vai determinar a conduta terapêutica do médico. “É a phmetria esofágica, exame bem importante porque ele comprovar tudo que o paciente se queixa para o médico no consultório. É verificado o nível de refluxo e as causas. Basicamente é inserido um cateter bem fininho no nariz que vai até o estômago e a pessoa passa o dia com ele, e ali são relatados os episódios de refluxo”, explicou.

Sintomas

Os sintomas mais comuns são tosse, rouquidão, coceira na garganta, boca amarga, halitose, arroto com mais frequência. Dr. Jonas relata que têm surgido muitos sintomas decorrentes da intolerância à lactose, derivados do leito, o que vem provocando mais gases e isso piora e agrava o refluxo. A intolerância tem que ser investigada pra saber a causa.

“Uma vez diagnosticado o refluxo, geralmente pela endoscopia, que precisa ser feito por um bom profissional e experiente, a  gente busca as hérnias de hiato, esofagites, que sãs as feridas que o esôfago tem, geralmente devido ao refluxo ácido, úlceras de Barrett, que são pré-malignas, a depender da gravidade de cada uma a gente indica ou não a cirurgia”, disse Dr. Jonas Leomarques.

Cirurgia

A avaliação do médico é que a cirurgia tem que ser menos arriscada do que a pessoa tem com a própria doença. Se ele tem uma esofagite ácida, não está fazendo uma dieta correta, está comendo e tomando líquido durante a refeição, comendo rápido e mastigando pouco, isso são causas etiológicas de refluxo que devem ser corrigidas e após serem corrigidas, o médico gastroenterologista clínico avalia se a pessoa mantém o sintoma e aquela esofagite.

“Os cânceres esofágicos saltaram em números, a gente já sabe que o refluxo é causador de câncer e a gente precisa não deixar passar despercebida uma lesão. É possível que durante 20 anos uma lesão possa ficar malígna. Baseado nos riscos, é que a gente indica ou não cirurgia. Se puder tratar clinicamente ótimo. Mas se mesmo adotando os devidos cuidados com alimentação e hábitos saudáveis, mesmo assim na endoscopia ainda observa lesões, se eu vejo esofagite grau A ou B, eu não deixo, já indico a cirurgia”, avaliou.

“A um tempo atrás, na medicina mais antiga, quando me formei, me ensinaram que os bloqueadores de bombas de prótons, que são os medicamentos omeprazol, pantoprazol, eram bastante seguros, a cirurgia na época era aberta, cortando, então a medicação era indicada e a cirurgia arriscada, a gente operava pouco, e basicamente era dar a medicação eterna para as pessoas, o tempo foi passando, já tem 20 anos desses medicamentos, a gente já sabia que tirar o ácido clorídrico do estômago é um fator carcinogênico, a gente viu o potencial do aumento do uso de câncer  no uso contínuo desses medicamentos”, observou Dr. Jonas.

Laparoscopia

Diferentemente das cirurgias abertas de antigamente, a videolaparoscopia não faz incisão no abdômen. O pós-operatório e o risco de ter hérnias de parede abdominal não existem. O médico opera e dar alta no mesmo dia. “Geralmente eu opero depois de meio dia e dou alta no dia seguinte pela manhã, em 15 dias ou uma semana ele volta a trabalhar. O principal é o repouso, a reeducação alimentar e o acompanhamento com o fonoaudiólogo”, comentou.

“Como você vai fazer uma válvula com o próprio fundo gástrico, a alimentação tem que iniciar com o nutricionista, é um dos pilares juntamente com o fonoaudiólogo. O nutricionista fará a avaliação pré-hospitalar, reeducação alimentar, dieta anti-inflamatória, a dieta pós-operatória, e o fonoaudiólogo para tratar as disfagias. Tem paciente com dificuldade para engolir, de tanto refluxo que teve na vida, ele vai treinar a musculatura de deglutição, para que não tenha mais aquelas alterações e o bolo na garganta que incomoda tanta gente”, concluiu.

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Fonte: Ascom

Foto: Divulgação