Ainda sem ter a real dimensão do tamanho da conquista que atingiram em Tóquio, Martine e Kahena disseram que agora querem descansar e comemorar antes de pensar em planos para o futuro. As bicampeãs olímpicas da vela esperam que a medalha sirva de inspiração para novos jovens que queiram se aventurar no mar.

“Depois da medalha no Rio a gente teve noção do quão impactante essa conquista é. Como serve de inspiração para outras crianças. Recebemos fotos, mensagens de pais dizendo que os filhos são nossos fãs. Fico feliz de servir de inspiração para essa nova geração da vela, por que não?”, disse Martine, que pediu mais investimento no esporte de base.

“O Brasil tem 8 mil quilômetros de costa para os esportes na água muito mal aproveitados. A vela de alto rendimento custa caro, por conta das viagens, equipamentos, mas a base não é tão cara assim. Meu pai disputava campeonatos com 200 barcos na água. E o esporte não é só para o rendimento”,  afirmou.

“Investir na base não é só investir em esporte, é cidadania, educação”, completou Kahena.

As atletas relembraram os momentos de dificuldade que enfrentaram no ciclo olímpico. Suas adversárias da classe 49er FX ficaram mais fortes, mais rápidas e apuraram a técnica para velejar com muito ou pouco vento. Diante desse cenário, as brasileiras sabiam que precisavam trabalhar ainda mais, mas a pandemia atrapalhou os planos.

“A pandemia foi um grande desafio. Tínhamos que treinar para ficar mais fortes, mas era difícil conseguir equipamento e tinha que treinar em casa. E na pandemia as prioridades mudam, você quer saber se sua família está bem, isso é mais importante do que Jogos Olímpicos. E todo o material bom que a gente tinha estava aqui no Japão desde 2018, então ficamos treinando com material ruim. Ficamos super frustradas, foi bem duro. A gente sabia que não seria fácil e que teríamos que controlar tudo e dar nosso sangue para ter chance de medalha”, afirmou Kahena.

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Fonte: COB

Foto: Jonne Roriz / COB