Com o título “Abjetas 288”, o curta-metragem ficcional é um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que conta com a direção das alunas Júlia da Costa e Renata Mourão, do curso de Cinema e Audiovisual do Departamento de Comunicação Social (DCOS) da UFS. O projeto conquistou o prêmio de melhor curta-metragem pelo Júri Oficial na Mostra Foco da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

O evento audiovisual aconteceu em formato remoto, apresentando ao público a diversidade da produção cinematográfica brasileira – uma trajetória rica e abrangente que ocupa espaço de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

Uma das diretoras do filme, Júlia da Costa, conta que no decorrer da fala da júri ia fazendo sentido que o Abjetas 288 ganharia a premiação, mas ainda foi uma surpresa, pois eram muitos filmes excelentes concorrendo. “Eu não sei nem dizer o que senti na hora. Foi muita emoção e um certo alívio ter esse reconhecimento a nível nacional. O troféu é de toda uma equipe incrível que somou conosco mesmo sem a certeza de um retorno. Foi muita confiança e temos apenas que agradecer”, diz.

A coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da UFS, Damyler Cunha, conta que esse reconhecimento é de extrema importância para o departamento, para a visibilidade do curso e, principalmente, para os alunos.

“É um prêmio que quase todo cineasta brasileiro almeja conquistar, sendo uma plataforma de divulgação de trabalhos experimentais na área de cinema que já tem a tradição de 24 anos e uma curadoria muito reconhecida”, conta a coordenadora sobre a mostra.

Premiações e exibição

“Abjetas 288 tem sido mirado por alguns holofotes dos festivais de cinema nacional, que estão se moldando às novas realidades. E mesmo que com alguns percalços, estamos aproveitando esses bons ventos e ampliando nossas redes de contato com outros realizadores, algo que consideramos importantíssimo”, explica Renata sobre a visibilidade do filme.

Além do prêmio na Mostra de Cinema de Tiradentes, o filme passou por exibição online no IV Festival de Cinema Vale do Jaguaribe na categoria Mostra Competitiva, sendo considerado o de melhor arte, com o trabalho assinado por Carolina Timoteo, além de concorrer em diversas categorias.

A produção também esteve presente em outros festivais que fomentam o audiovisual brasileiro. Entre eles o Pajubá – Festival de Cinema LGBTI+ do Rio de Janeiro, no qual Dandara, atriz que interpreta Valenza, recebeu uma menção honrosa pela atuação na cerimônia de encerramento da 1ª edição.

Sobre o filme

Em um futuro distópico, Joana e Valenza fazem uma jornada à deriva por uma cidade nordestina. Através da música eletrônica e trilha ruidosa, as personagens, nas andanças pelas ruas, performam o que sentem enquanto vivem nessa sociedade tentando entendê-la. O filme trata sobre territorialidades, identidades e meritocracia, tudo com um tom irônico e se utilizando de elementos alegóricos que dialogam com a história popular de Aracaju.

Abjetas 288 articula elementos da cultura cyberpunk/gambiarra, incorporando dança e performance para apresentar sujeitos que vagam pelas paisagens desoladas da cidade, pelo sertão e pelos mangues, encontrando uma constelação de fantasmagorias urbanas a revelar o lado fake da norma.

Damyler Cunha é professora e coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da UFS

Julia explica que a ideia do filme surgiu quando ela e Renata se encontraram na última disciplina antes do TCC. “O Abjetas 288 surgiu como uma necessidade de um roteiro original que partisse do nosso olhar sobre o cinema e que envolvesse todos os assuntos que queríamos abarcar. Nossos principais interesses eram: ter liberdade para que o filme fosse narrado a partir da montagem mais do que pelo roteiro, falar sobre direito à cidade, apontar algumas angústias pessoais e geracionais, e fazer um musical. Em todas essas demandas, eu e Renata estávamos completamente alinhadas e, a partir disso, conseguimos construir essa história”, diz.

Júlia da Costa: “Foi muita emoção e um certo alívio ter esse reconhecimento a nível nacional”

 “Desde o início a gente tinha a compreensão de que não teríamos dinheiro de editais públicos para a realização, tanto pelos temas abordados quanto pela falta de investimento municipal e estadual para a realização de editais direcionados para a cultura. Por causa de tudo isso, o roteiro original não tinha nada a ver com o que o filme se tornou depois de avaliarmos nossas possibilidades de produção”, conta Júlia.

A realização do filme foi feita de forma independente. A diretora Renata Mourão detalha que a construção do curta-metragem se deu por contribuição financeira coletiva, campanhas e busca de apoio de instituições. “Na Mostra de Cinema Tiradentes fomos contempladas com diárias de equipamentos de iluminação, fotografia e correção de cor”, conta.

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Fonte: Ascom

Fotos: Arquivo Pessoal