O número de registro de golpes pela internet aumentou 290% comparado ao período de 1º de janeiro a 16 de setembro de 2020 do ano passado. A titular da Delegacia Especial de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), delegada Suirá Paim, vincula este dado à pandemia e ao crescimento dos usuários de internet. “A procura da delegacia para registro de crimes pela internet aumentou bastante e esta procura deve continuar crescendo. Muitas transações passaram a ser pela internet e os criminosos, se aproveitando desta situação, ampliaram também os golpes”, diz.

Mesmo sendo um aumento significativo, a delegada Suirá Paim acredita que ainda existam subnotificações, e que este número na realidade deve ser maior. “Existem pessoas que sofrem o golpe e se sentem constrangidas em procurar uma delegacia, outras não acham que devem denunciar e preferem esquecer o ocorrido, e também existem aquelas que procuram outra unidade e acabam fazendo o encaminhamento errado”, enumera.

Esta ausência de denúncia dificulta o trabalho da equipe da DRCC, que já tem o desafio de adaptar o trabalho cada vez que o bandido atualiza seu crime de estelionato com novas tecnologias, e aprimora sua engenharia social [manipulação psicológica de pessoas para acesso a informações confidenciais ou a áreas importantes de uma instituição].

“Eles criam novos golpes e nós temos que acompanhar. É importante que a vítima vá a delegacia para relatar, porque o quanto antes soubermos como estão agindo, mais rápido entendemos os métodos usados e menos pessoas serão vítimas. Existem formas de investigar o delito, mas é necessário a contribuição da vítima”, explica a delegada, lembrando de alguns golpes que já fizeram muitas vítimas por todo país: golpe da mega-sena, do leilão, da OLX e do sequestro do perfil do WhatsApp.

Golpe do momento

Os últimos registros na DRCC apontam que o perfil falso do aplicativo whatsapp é o mais novo crime. O estelionatário cria um perfil falso de whatsapp, pegando uma foto da vítima no sítio Google, ou em suas redes sociais, para se passar por ela. “Ele consegue os dados da vítima, suas relações familiares e contatos próximos por meio de data broker [é uma entidade que se dedica a compilar e a vender informação de consumidores na Internet, vendendo essa informação a outras organizações] ou de forma ilícita”, conta.

Depois de confeccionarem um perfil falso de whatsapp, pesquisar as relações da vítima, entram em contato como se fosse um familiar pedindo uma quantia emprestada ou enviando um boleto solicitando que o familiar pague em seu lugar. “Dificilmente um parente vai questionar já que o perfil e a foto são bem próximos do original. Com nossa vida corrida, somada a engenharia social que eles fazem acabam conseguindo êxito em muitos casos”, diz a delegada Suirá Paim, acrescentando que atualmente o registro é de 10 casos em média/por dia somente deste golpe.

Redes sociais

Para evitar cair em um crime cibernético, a delegada ressalta o cuidado com as redes sociais. Ela lembra que, quando aberta, uma rede social pode dar grande número de informações sobre uma pessoa para um criminoso: acesso aos laços familiares, onde mora, trabalha, com quem está, etc.

Ela pede que numa solicitação de dinheiro seja observado o local da conta de depósito e o nome do proprietário da conta. “Além dos cuidados com as redes sociais, observem atentamente para a agência e banco que eles fornecem. Pesquise esta agência no Google, que rapidamente lhe dirá onde fica o banco. Se a conta for de outro Estado e em nome de um terceiro há uma probabilidade de 90% de ser golpe”, diz a delegada, lembrando de observar se o número de telefone que entrou  em contato está salvo na sua agenda, caso contrário, não será de um amigo ou parente. 

————————————————————

Fonte: Adepol/SE

Foto: Ascom Adepol/SE